quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Mensalão: falam os advogados III


Após ouvir as várias sustentações orais transmitidas pela TV Justiça perante a mais alta corte do país, e observar a tônica comum: a certa altura o advogado fala de si, “Vim de Minas”, disse hoje Maurício Campos Júnior, “minha origem judaica”, disse Yarochewsky ontem, “papai envergou a toga” disse hoje Mariz, entre outros, fiquei matutando.

Por que será? Porque o advogado que assoma à tribuna resolve falar um pouco de si?

Dirão alguns, é vaidade. Inclusive. Nós, da área de humanas, em especial das artes oratórias temos um quê de aparecidos. Mas não é só.

Poderia elocubrar uma teoria bem grande, mas vamos sintetizar em duas palavras, anima e cuore (alma e coração), a advocacia, aquela que desfila na tribuna do STF lidando com o bem maior da liberdade, como dizem os penalistas é feita com alma e coração.

Só pode ser isso. Ocorre-me também que há um outro ingrediente fundamental, a palavra falada, a fala liga-se imediatamente à emoção. Daí a lembrança de “papai”.

Há um quarto, é claro, tocar o coração do julgador. É também de caso pensado, estudado e praticado. A arte da persuasão.

Então, vamos lá, quatro palavras anima, cuore, voce, persuasione. E estamos conversados.

Anyway, converso com meus botões, não se pode também esquecer também os 60 minutos de fama nacional, que terão consequências diretas e desproporcionais no enchimento futuro das burras... Interrompendo o rumo dos pensamentos que começam a ir por caminho nebuloso, voltemos ao plenário.

Minas na fita

Na quarta-feira, após dois dias de sustentações orais no STF disse a imprensa especializada em Direito (sim, ela existe e é paulista) “a escola mineira de Direito é das mais fecundas do país, produzindo advogados de altíssimo nível.”

Wow! Perdoem-nos a imodéstia, mas tem razão a imprensa especializada.

Hoje, por outro lado brilhou também a escola paulista na magistral oratória de Zacharias Toron. É craque.

Destaques do dia

Marcio Thomaz Bastos (José Roberto Salgado)


 “É um julgamento bala de prata, feito uma vez só”
Ao final, humilde, (como o são os grandes), reconheceu fastidiosa sua oração.


Antônio Cláudio Mariz de Oliveira (Ayanna Tenório)


“Papai envergou a toga, mas não despiu a beca. Papai vestia a toga mas trazia a beca na alma ... Somos todos irmãos.”
"É kafkiniana a acusação contra ela". 


Maurício Campos Júnior (Vinícius Samarane)


"Vim de Minas, que tem a liberdade na bandeira
(Demonstrada, mais uma vez, a teoria do Prof. Washigton Albino sobre o caráter municipalista do mineiro, vide postagem do dia anterior).
O único que despertou uma pergunta dos ministros, no caso, Toffoli (até onde assisti).


Alberto Zacharias Toron (João Paulo Cunha)


Técnica, voz, gestos firmes, desenvoltura e segurança num ser político: “sou candidato à presidência da Secional da OAB de São Paulo.” 

Comentário do Blog: Já pode? A oposição em São Paulo já deve estar a postos.

                                              Foto do dia




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