Traços de Minas
Variados estilos de oratória desfilaram hoje na tribuna
do STF, e a maioria dos advogados citou Minas e a capital mineira: “em Minas é
assim”, “em Belo Horizonte é assado".
Esse traço municipalista que marca os mineiros de
nascença e os por adoção já havia sido anotado por ninguém mais que o Professor
Washington Albino Peluso de Souza, o pai do Direito Econômico.
Dizia ele para afirmar sua tese municipalista e
familiarista, que basta reparar (coisa de mineiro) as duas primeiras perguntas
que os mineiros fazem quando conhecem alguém: você é de onde? E de qual família?
Pronto, demonstrado o acerto da tese do saudoso
Professor, vimos hoje na tribuna do STF, ao vivo e cores, a mineirada, digo, os
advogados mineiros citando seu torrão enquanto esmeravam-se na defesa dos seus
constituintes.
Ninguém pode dizer que “mineiro é tudo igual”, vejam só
a variedade de estilos vista hoje:
O estilo elegante
Castellar Modesto Guimarães Filho / advogado de Cristiano Paz
Elegante, sério, voz modulada, conjunto afinado.
O estilo peso-pesado
Paulo Sérgio Abreu
e Silva (Rogério Tolentino e Geiza)
Bateu
forte na Procuradoria Geral da República: “o
então procurador-geral da República não sabe redigir uma denúncia”.
A denúncia: um "mostrengo jurídico".
Desqualificou a cliente: “funcionária mequetrefe".
E lembrou o bas- fond: "O procurador preferiu arrolar [como testemunha] uma cafetina a denunciar uma pobre coitada.
O estilo irônico
Leonardo
Yarochewsky/Simone Vasconcelos (carioca de nascença, daí a citação ao Clube de Regatas Flamengo)
"É bonito
esse negócio de falar de bando, de quadrilha, até na novela das oito a Carminha
disse que ia processar a Rita por formação de quadrilha",
"Não sei se o ilustre procurador tem conhecimento, mas saidinha de banco acontece a toda hora."
"Tem uma dupla sertaneja aí, que eu não vou dizer o nome para não constrangê-los, que quando faz show faz questão de receber em dinheiro."
"Apesar de Você", de Chico Buarque: "Você que inventou o pecado esqueceu de inventar o perdão, apesar de você, amanhã há de ser outro dia."
O estilo sério-irritado
O advogado foi o
autor da questão de ordem do dia: a ausência anunciada da Ministra Carmen Lúcia
Antunes Rocha antes da sua sustentação oral.
Para variar, o
pedido foi indeferido, mas com homenagens ao advogado e pequenos discursos de
Suas Excelências, Toffoli e Celso de Mello. Palmas para a síntese de Joaquim
Barbosa: em duas palavras, negou. Celso de Mello abusou de frases longas e construções
verbais, mas definiu a sustentação oral. Disse o decano:
“Um dos momentos mais relevantes em que se projeta o
exercício do direito de defesa é a prerrogativa da sustentação oral. A
sustentação oral, na realidade, compõe o próprio estatuto constitucional do
direito de defesa” (ou algo assim).
Com as homenagens
ao advogado e à OAB, no entanto, e sempre respeitosamente, seguiu a sessão com 10 juízes, eis que, o Regimento Interno da
Casa locuta, assim, causa finita. Protesto lavrado “em
homenagem à Ministra”, segundo o advogado, toca o bonde.
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