terça-feira, 7 de agosto de 2012

Mensalão: falam os advogados II


Traços de Minas

Variados estilos de oratória desfilaram hoje na tribuna do STF, e a maioria dos advogados citou Minas e a capital mineira: “em Minas é assim”, “em Belo Horizonte é assado".

Esse traço municipalista que marca os mineiros de nascença e os por adoção já havia sido anotado por ninguém mais que o Professor Washington Albino Peluso de Souza, o pai do Direito Econômico.

Dizia ele para afirmar sua tese municipalista e familiarista, que basta reparar (coisa de mineiro) as duas primeiras perguntas que os mineiros fazem quando conhecem alguém: você é de onde? E de qual família?

Pronto, demonstrado o acerto da tese do saudoso Professor, vimos hoje na tribuna do STF, ao vivo e cores, a mineirada, digo, os advogados mineiros citando seu torrão enquanto esmeravam-se na defesa dos seus constituintes.

Ninguém pode dizer que “mineiro é tudo igual”, vejam só a variedade de estilos vista hoje:

O estilo elegante


Castellar Modesto Guimarães Filho / advogado de Cristiano Paz
Elegante, sério, voz modulada, conjunto afinado.

O estilo peso-pesado


Paulo Sérgio Abreu e Silva (Rogério Tolentino e Geiza)

Bateu forte na Procuradoria Geral da República: “o então procurador-geral da República não sabe redigir uma denúncia”.

A denúncia: um "mostrengo jurídico".

Desqualificou a cliente: “funcionária mequetrefe".

E lembrou o bas- fond: "O procurador preferiu arrolar [como testemunha] uma cafetina a denunciar uma pobre coitada.


O estilo irônico


Leonardo Yarochewsky/Simone Vasconcelos (carioca de nascença, daí a citação ao Clube de Regatas Flamengo)

"É bonito esse negócio de falar de bando, de quadrilha, até na novela das oito a Carminha disse que ia processar a Rita por formação de quadrilha",

"Não sei se o ilustre procurador tem conhecimento, mas saidinha de banco acontece a toda hora."

"Tem uma dupla sertaneja aí, que eu não vou dizer o nome para não constrangê-los, que quando faz show faz questão de receber em dinheiro."

"Apesar de Você", de Chico Buarque: "Você que inventou o pecado esqueceu de inventar o perdão, apesar de você, amanhã há de ser outro dia."

O estilo sério-irritado


José Carlos Dias/Kátia Rabello

O advogado foi o autor da questão de ordem do dia: a ausência anunciada da Ministra Carmen Lúcia Antunes Rocha antes da sua sustentação oral.

Para variar, o pedido foi indeferido, mas com homenagens ao advogado e pequenos discursos de Suas Excelências, Toffoli e Celso de Mello. Palmas para a síntese de Joaquim Barbosa: em duas palavras, negou. Celso de Mello abusou de frases longas e construções verbais, mas definiu a sustentação oral. Disse o decano:

“Um dos momentos mais relevantes em que se projeta o exercício do direito de defesa é a prerrogativa da sustentação oral. A sustentação oral, na realidade, compõe o próprio estatuto constitucional do direito de defesa” (ou algo assim).

Com as homenagens ao advogado e à OAB, no entanto, e sempre respeitosamente, seguiu a sessão com 10 juízes, eis que, o Regimento Interno da Casa locuta, assim, causa finita. Protesto lavrado “em homenagem à Ministra”, segundo o advogado, toca o bonde.

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