terça-feira, 28 de agosto de 2012

A verdade num processo é uma quimera

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A essas alturas o leitor já saberá o resultado da sessão de ontem.

Que JB e Lewandowsky discutiram, que JB tentou convencer Rosa Weber a não acompanhar o revisor absolvendo João Paulo Cunha de um dos crimes de peculato.

Que Rosa Weber foi muito ágil, seu voto durou cerca de meia hora e Fux, uma hora após iniciar o seu voto, ainda discorria sobre a pilha de papéis em que lia seu voto para dizer que não leria tudo, apenas um resumo.

"A verdade num processo é uma quimera", disse Fux.

Saberá que Toffoli absolveu João Paulo Cunha de todos os crimes. (Para nosotros ele estava sumamente impedido, mas como diz Fux, a verdade num processo é uma quimera).

Já inteirados que a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou na sessão de segunda-feira os réus Marcos Valério e seus ex-sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, pelos crimes de corrupção ativa e peculato.
O ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato também foi condenado pelos crimes de corrupção passiva e peculato por seis dos 11 ministros da Corte. Com o sexto voto, da ministra Cármen Lúcia, caso nenhum dos magistrados altere seu voto até o final do julgamento, os quatro réus serão condenados, mesmo que os próximos ministros os absolvam.
A ministra Cármen Lúcia acompanhou o entendimento do ministro-relator Joaquim Barbosa na condenação dos réus e também absolveu o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Luiz Gushiken.

Fora isso, estamos realmente impressionados com a remuneração dos “capinhas”, teto salarial de R$ 11,7 mil mensais segundo a Folha, para puxar cadeiras, levar café, papéis e é claro, as togas.

Os funcionários auxiliares são aconselhados pelos ministros a não dar declarações, mas falaram reservadamente, o que equivale a dizer que deram com a língua nos dentes. E soltaram detalhes de brigas ministeriais nos bastidores, os nomes pelos quais se chamaram, “moleque” parece haver sido o menor deles. E já sabemos depois dessa inconfidência o sinal de Dias Toffoli para receber café: basta erguer o indicador e o polegar. É realmente impressionante.

Mas nem tudo são flores na Corte, deixaram escapar que um deles após ser repreendido entregou a capa, sinalizando que desistia da função, a Joaquim Barbosa. Em suma, jogou a toalha.

Em compensação, soubemos que na época de Eros Grau um “capinha” mais distraído puxou a cadeira antes da hora e o ministro foi ao chão. Levantou-se sem admoestar o funcionário apavorado. Um lorde, afinal. Um homem que escreve um livro inteiro sobre Paris só pode mesmo ser um lorde.

Essas foram as amenidades do dia pela imprensa. Na banca de advocacia, relatos das cruezas da vida, da loucura dos homens, de torpezas de todo naipe. A cliente fala e se emociona até às lágrimas, enquanto oferecemos a caixa de lenços vamos elaborando as vias processuais adequadas. Mais adiante chegamos à via dolorosa.

Acuso recebimento no escritório da nova Tabela de Honorários da OAB/MG. Cito novamente o artigo do presidente no, dizem, "mais lido", segundo o qual a tabela estaria sendo seguida e que este fato constituiria mais uma conquista dos advogados. E eu perguntava: onde?

Hoje novo artigo sobre nossa classe no mesmo jornal. Caro colega escreve que a OAB/MG em processos céleres pune os advogados faltosos.  Aqui, para variar, tenho um exemplo dissonante, um processo que se arrasta há seis anos, passou por duas presidências e está hoje no Conselho Federal, um recurso atrás do outro e até outra instância surgiu, uma paraprofissional, Conselho das Profissões Liberais, ou coisa assim. E vai que vai, e o moço representado atuando sem peias. Certamente trata-se da exceção que confirma a regra.

Parece que esta é a sina deste Blog, a voz dissonante.

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