quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A nação de joelhos, salvo o mandato de Donadon

Hoje Donadon amanheceu feliz, no presídio da Papuda. Pudera, ontem fez de bobos, mais uma vez, toda uma nação.

Em outubro de 2010 foi condenado pelo STF a 13 anos, 4 meses e 10 dias de reclusão.

Um dia antes do julgamento renunciou ao mandato de deputado. No mesmo mês, foi eleito para um novo mandato na Câmara. Em junho deste ano o STF rejeitou embargos e decretou sua prisão imediata. Foi expulso do PMDB e se entregou à polícia em 28 de junho e foi recolhido ao Complexo Penitenciário da Papuda.

Em qualquer país civilizado, uma condenação criminal bastaria para retirar o mandato de um representante do povo.

Qual o motivo da condenação? Desvio de dinheiro público.

Entre 95 e 98, Natan Donadon foi diretor financeiro da Assembléia Legislativa de Rondônia e seu irmão Marcos Donadon era presidente da Casa. O MP do estado denunciou os dois irmãos mais sete pessoas por fraude em contratos de publicidade que desviaram 8,4 milhões dos cofres públicos, equivalentes hoje à bagatela de 58 milhões de reais.

Em 2001, o TJ de Rondônia condenou os réus e expediu mandado de prisão dos condenados. A pena foi de 5 anos e 6 meses em regime semiaberto. Assumiu a vaga de suplente na Câmara em 2005 e foi reeleito em 2006 passando a ter foro privilegiado, então a ação foi remetida para o STF.

Ontem, vindo da Papuda, Donadon ocupou a tribuna e fez tábula rasa da decisão condenatória da Corte Suprema do país,  jurou inocência diante dos pares. Mostrou os pulsos machucados pelas algemas e contou que a água acabou no presídio justo na hora do seu banho, estava ensaboado. Disse que tem sofrido muito.

Mal contemos as lágrimas. Mas foi o que bastou, a votação foi nominal mas secreta e protegidos os deputados não se fizeram de rogados, 131 votos para absolver Donadon e 41 abstenções. 233 votos a favor da cassação foram insuficientes, era preciso pelo menos 257 votos.

Com o quórum baixo, o Presidente bem que tentou adiar a votação para ver se os faltosos compareciam para cumprir seu dever. Qual o quê. 

Donadon ajoelhou-se no plenário, agradeceu aos céus e aos pares e saiu feliz para o presídio da Papuda. Deu entrevista e disse que os deputados fizeram justiça.

Com a manutenção do mandato de Donadon, condenado criminalmente por desvio de dinheiro pela mais alta Corte do país, os deputados colocaram, mais uma vez, a nação de joelhos.

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