quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Mensalão: José Dirceu é condenado


No início da sessão de hoje no STF ficou claro que a assessoria do revisor andou a trabalhar muito no fim de semana.
Mal esperou o presidente anunciar o julgamento, na abertura da sessão Lewandowsky queria prestar à nação e aos pares esclarecimentos sobre seu voto absolutório de Genoino. Fez distribuir aos colegas várias páginas com cópias de laudos periciais e razões sobre as assinaturas de Genoíno, Delúbio e Valério. Se juntas, separadas, quando, etc.
Citou o depoimento de Genoino à Polícia: “  Foi Delúbio ...”
Citou o interrogatório judicial de Genoíno “ Só tomou conhecimento  do empréstimo quando registrado ...”
Citou o depoimento de Delúbio na Polícia Federal: “Pediu a M. Valério para ser avalista”.
(Ah, sei, os depoimentos dos próprios acusados,  dizemos nós).
É. A assessoria andou a trabalhar no fim de semana.
Soubemos que o revisor tem sido vaiado nos aeroportos, parece que pediu proteção ou garantias.
O revisor foi interrompido com elegância por Marco Aurélio, que afirmou: “A cédula de crédito está nos autos, assinatura de Valério e Genoíno em 14.05.2003, fls.”. E terminou conciliador: “Ambos temos razão”, disse Mello.
(Ah, a hermenêutica, dizemos nós).
Este empréstimo foi pago, disse o revisor. Essa é a minha impressão subjetiva.
Alto lá, caro ministro, talvez quisesse dizer minha livre convicção sobre a prova, mas subjetivismo, ai, ai, ai.
Tinha que ser – atalhou Ayres – foi o prísidente (o simpático sotaque do Piauí), representando o partido.
E por aí foram. Eis que chega a hora da onça beber água, digo, hora do ministro Toffoli votar. Suportamos a leitura monocórdia, dando aquele soninho à tarde. Enquanto condenava Delúbio incurso nas penas do artigo 333, caput do Código Penal, a nossa redatora de moda resolveu reabilitá-lo no quesito fashion, elogiou a bela gravata, a combinação justa com a camisa. Que tom, não? Está muito bom mesmo.
Mas eis que ultrapassado o capítulo Delúbio chegou-se a Dirceu e pelo andar da  carruagem, confirmou-se a absolvição do ex-chefe da casa civil.
Foi inevitável a lembrança dos filmes policiais, aqueles nos quais o mordomo era sempre o culpado. Punido apenas o mordomo, digo o tesoureiro do partido, adivinhamos que o revisor não será vaiado sozinho nos aeroportos. Terá companhia.
Lembrei-me que, certa feita, como dizia o Professor Barcellos, (Processo Penal), na Vetusta Casa de Afonso Pena. Pois, certa feita estava eu na Sala dos Advogados do extinto Tribunal de Alçada de Minas Gerais, (isso foi praticamente ontem, não é verdade, decanos?) Pois estava eu lá, ouvindo os mestres e aprendendo e ouvi um deles, (um dos príncipes do foro para dizer a verdade), dizendo a outro que hoje vem a ser o nosso vice-prefeito eleito no último domingo. Citou Padre Antônio Vieira, (vejam que ambiente culto): "Quem fez o que devia, devia o que fez." Uau! Dizemos nós. Jamais esquecida a memorável frase, a autoria e a dicção. Curiosos? Vão continuar.
Deixando o passado e o Padre Antonio Vieira e suas verdades, voltemos ao presente e ao plenário do STF.
Inobstante a conclusão de Toffoli, Marco Aurélio selou o veredicto ao dar o sexto voto pela condenação por corrupção ativa de José Dirceu.
Além dele foram condenados por maioria José Genoino e Delúbio Soares.
Marcos Valério, seus ex-sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, a ex-diretora financeira da SMP&;B Simone Vasconcelos e o ex-advogado da agência Rogério Tolentino também foram condenados pelo mesmo crime.
E não acabou, Celso de Mello e Ayres Britto votarão amanhã, quarta-feira.
Aguardamos alguns versos e citações filosóficas de peso e não escondemos nossa ansiedade por ambos. A grave questão exige. Haja filosofia! E versos!

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