No início da sessão de hoje no STF ficou claro que a
assessoria do revisor andou a trabalhar muito no fim de semana.
Mal esperou o presidente anunciar o julgamento, na abertura
da sessão Lewandowsky queria prestar à nação e aos pares esclarecimentos sobre
seu voto absolutório de Genoino. Fez distribuir aos colegas várias páginas com
cópias de laudos periciais e razões sobre as assinaturas de Genoíno, Delúbio e Valério.
Se juntas, separadas, quando, etc.
Citou o depoimento de Genoino à Polícia: “ Foi Delúbio ...”
Citou o interrogatório judicial de Genoíno “ Só tomou
conhecimento do empréstimo quando
registrado ...”
Citou o depoimento de Delúbio na Polícia Federal: “Pediu a
M. Valério para ser avalista”.
(Ah, sei, os
depoimentos dos próprios acusados, dizemos
nós).
É. A assessoria andou a trabalhar no fim de semana.
Soubemos que o revisor tem sido vaiado nos aeroportos,
parece que pediu proteção ou garantias.
O revisor foi interrompido com elegância por Marco Aurélio,
que afirmou: “A cédula de crédito está nos autos, assinatura de Valério e Genoíno
em 14.05.2003, fls.”. E terminou conciliador: “Ambos temos razão”, disse Mello.
(Ah, a hermenêutica,
dizemos nós).
Este empréstimo foi pago, disse o revisor. Essa é a minha
impressão subjetiva.
Alto lá, caro ministro, talvez quisesse dizer minha livre convicção
sobre a prova, mas subjetivismo, ai, ai,
ai.
Tinha que ser – atalhou Ayres – foi o prísidente (o simpático
sotaque do Piauí), representando o partido.
E por aí foram. Eis que chega a hora da onça beber água,
digo, hora do ministro Toffoli votar. Suportamos a leitura monocórdia, dando
aquele soninho à tarde. Enquanto condenava Delúbio incurso nas penas do artigo
333, caput do Código Penal, a nossa redatora de moda resolveu reabilitá-lo no
quesito fashion, elogiou a bela
gravata, a combinação justa com a camisa. Que tom, não? Está muito bom mesmo.
Mas eis que ultrapassado o capítulo Delúbio chegou-se a Dirceu
e pelo andar da carruagem, confirmou-se a
absolvição do ex-chefe da casa civil.
Foi inevitável a lembrança dos filmes policiais, aqueles
nos quais o mordomo era sempre o culpado. Punido apenas o mordomo, digo o
tesoureiro do partido, adivinhamos que o revisor não será vaiado sozinho nos
aeroportos. Terá companhia.
Lembrei-me que, certa
feita, como dizia o Professor Barcellos, (Processo Penal), na Vetusta Casa
de Afonso Pena. Pois, certa feita estava eu na Sala dos Advogados do extinto
Tribunal de Alçada de Minas Gerais, (isso foi praticamente ontem, não é
verdade, decanos?) Pois estava eu lá, ouvindo os mestres e aprendendo e ouvi um
deles, (um dos príncipes do foro para dizer a verdade), dizendo a outro que hoje vem
a ser o nosso vice-prefeito eleito no último domingo. Citou Padre Antônio
Vieira, (vejam que ambiente culto): "Quem
fez o que devia, devia o que fez." Uau! Dizemos nós. Jamais esquecida a memorável frase, a autoria e a
dicção. Curiosos? Vão continuar.
Deixando o passado e o Padre Antonio Vieira e suas
verdades, voltemos ao presente e ao plenário do STF.
Inobstante a conclusão de Toffoli, Marco Aurélio selou o
veredicto ao dar o sexto voto pela condenação por corrupção ativa de José Dirceu.
Além dele foram condenados por maioria José Genoino e Delúbio
Soares.
Marcos Valério, seus ex-sócios Ramon Hollerbach e Cristiano
Paz, a ex-diretora financeira da SMP&;B Simone Vasconcelos e o ex-advogado
da agência Rogério Tolentino também foram condenados pelo mesmo crime.
E não acabou, Celso de Mello e Ayres Britto votarão amanhã,
quarta-feira.
Aguardamos alguns versos e citações filosóficas de peso e não
escondemos nossa ansiedade por ambos. A grave questão exige. Haja filosofia! E
versos!
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