segunda-feira, 16 de julho de 2012

Jornalista fala de Ophir e OAB



O jornalista Élio Gáspari, na Folha de São Paulo deste domingo, 15/07,  apontou sua metralhadora giratória para o contra cheque do procurador licenciado do Estado do Pará, que atualmente ocupa a presidência da OAB. Não só para o contra cheque como para os posicionamentos recentes da OAB. Vamos fazer o dever de casa e ouvi-lo:


A dura vida do presidente da OAB

Em janeiro, o procurador Ophir Cavalcante, licenciado desde 1998, custava à Viúva R$ 30.062,07 mensais

É dura a vida do presidente da Ordem dos Advogados, Ophir Cavalcante. No último ano ele condenou o tamanho da fila dos precatórios de São Paulo, a farra dos passaportes diplomáticos, as fraudes nos exames da Ordem, a atuação de advogados estrangeiros em Pindorama, o enriquecimento de Antonio Palocci e a blindagem dos "ficha suja". Defendeu a autonomia salarial do Judiciário e os poderes do Conselho Nacional de Justiça.

Como se sabe, Ophir Cavalcante é sócio de um escritório de advocacia em Belém e procurador do governo do Pará, licenciado desde 1998, quando se tornou vice-presidente da seccional da Ordem. Até aí, tudo bem, pois Raymundo Faoro era procurador do Estado do Rio, apesar de não lhe passar pela cabeça ficar 13 anos com um pé na folha da Viúva e outro na nobiliarquia da Ordem.
Em agosto do ano passado, quando o Tribunal Regional Federal permitiu que Senado pagasse salários acima do teto constitucional de R$ 26.723, Cavalcante disse o seguinte: "O correto para o gestor público é que efetue o corte pelo teto e que as pessoas que se sentirem prejudicadas procurem o Judiciário, e não o contrário".
Em tese, os vencimentos dos procuradores do Pará deveriam ficar abaixo de um teto de R$ 24.117. Seu "Comprovante de Pagamento" de janeiro passado informa que teve um salário bruto de R$ 29.800,59. O documento retrata as fantasias salariais onde a Viúva finge que paga pouco e os doutores fingem que recebem menos do que merecem. Isso não ocorre só com ele, nem é exclusividade do Ministério Público do Pará.
O salário-base do doutor é de R$ 8.230,57. Para os cavalgados é isso, e acabou-se. No caso de Cavalcante, somam-se sete penduricalhos. Há duas gratificações, uma de R$ 6.584 por escolaridade, outra de R$ 7.095 por "tempo de serviço" (na repartição, ficou três anos, mas isso não importa); R$ 4.115 por "auxílio pelo exercício em unidade diferenciada" (a procuradoria fica em Belém, mas ele está lotado na unidade setorial de Brasília).
Esse contracheque levou uma mordida de R$ 5.196 do Imposto de Renda. Se o doutor trabalhasse numa empresa privada, com salário bruto de 29.800,59, tivesse dois dependentes e pagasse, como ele, R$ 2.141 na previdência privada, tomaria uma mordida de R$ 6.760.
Finalmente, há R$ 314 de auxílio-alimentação, o que dá R$ 15,70 por almoço. A OAB precisa protestar: o Ministério Público paraense passa fome.

Comentário do Blog: É nisso que dá a Lei de Acesso a Informação. Contra-cheques revirados e nas páginas de jornais. Esse moço, Gáspari é mesmo bem informado e nutre especial admiração pelo sempre admirável Raymundo Faoro, que honrou a presidência da OAB em tempos idos e memoráveis.
Não é primeira vez que relembra Faoro ao falar da OAB. E claro está que não nutre a mesma admiração pelo nosso atual presidente. E graças ao conhecimento do jornalista sabemos agora os ganhos dos procuradores do Pará para açular a choldra ignara que mal consegue pagar as contas. Se é que a choldra lê a Folha. Ah, o Brasil,  o Brasil Carinhoso da nossa presidente. Ah, a OAB. Ah, a nossa profissão dos advogados de trincheira (Valladão, vamos escolher outro epíteto para nosotros que frequentamos balcão de cartório, trincheira lembra guerra, tudo bem que a vida é  mesmo luta renhida que aos fracos abate e aos fortes só faz exaltar. Mas trincheira? Não orna). Voltando às posições da OAB, advogando em causa própria, digo que caridade e justiça começam em casa. Cadê as férias do advogado? Julho já vai pelo meio, as crianças estão de férias, o povo normal viaja e nós atentos como atalaias de olho nos despachos e sessões do tribunal. Em pleno julho. Assim não dá!

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