O STF decidiu nesta
quinta-feira, à unanimidade, que o sistema de cotas raciais em universidades é
constitucional. Último ministro a votar o presidente do STF, Ministro Ayres
Britto iniciou seu voto às 19h30, antecipando que acompanha o voto do relator
Ricardo Lewandowski.
O voto do relator, cuja leitura levou duas horas, parte dele pode ser assistida no vídeo ao lado, basta clicar. O que é tecnologia, pois não?
Todo dia era dia de índio, já diziam Baby (Consuelo) e Pepeu (Gomes) nos anos 80.
Momento da democracia tupiniquim:
O Fato
O índio guarani Araju
Sepeti interrompeu mais de uma vez a leitura do voto do ministro Luis Fux e foi
expulso do plenário. Enquanto ministro Fux elogiava a política de cotas para
negros, Sepeti, sentado no auditório começou a gritar, pedindo que os indígenas
também fossem citados.
Advertido
pelo presidente do tribunal, ministro Ayres Britto, continuou a falar alto e
interromper o ministro Fux. Britto, então, mandou aos seguranças que retirassem
Sepeti, que estava acompanhado de sua mulher e duas filhas, uma delas ainda
bebê.
Araju
Sepeti resistiu e foi arrastado para fora do tribunal, gritando que seu braço
estava sendo machucado. Sua filha e sua mulher também gritavam e chamavam os
seguranças de "racistas" e "cavalos". "É assim que
tratam o índio no Brasil", afirmou Sepeti.
Fora do STF, Araju, que dentro do plenário chamou os ministros de "urubus", invocou o artigo 5º da Constituição e citou o apartheid. A cena é forte. Clique aqui.
"A
democracia tem seus momentos que ultrapassam a dose", disse o ministro Fux
após a expulsão de Araju.
Faltou apenas dizer, e dizemos já, que o cineasta americano SpiKe Lee esteve no plenário do STF, seríssimo, como soe acontecer com cineastas americanos that does the right thing, nome de seu primeiro filme de sucesso, (Faça a coisa certa). Antes ou depois, ainda não sabemos dos detalhes, de gravar entrevista no gabinete com Ministro Joaquim Barbosa.
Momento sorriso
"Go Brazil Go!" (tradução: Vá Brasil Vá). Espera-se nenhuma semelhança com o lema "Esse é um Brasil que vai para frente" dos anos 70, e havia até uma musiquinha infame: ô,ÔÔÔ,ÔÔ. Ao mesmo tempo diziam as pitonisas que o Brasil estava à beira do abismo.
Deu-se então que ... Bem, vamos terminar o dia com o belo sorriso e esperança de melhores dias e que façamos a coisa certa para o o Brasil ir, ir.
O STF me decepcionou. O sistema de cotas deveria ser pautado na questão econômica e não na quantidade de melanina. Ademais o que é negro para uns pode não ser para outro. O critério é um tanto quanto subjetivo. Sinceramente? Tive vergonha de ser brasileiro ontem!
ResponderExcluirAbraço Dra. Valéria.
Bruno Cézar Gomes Fonseca - advogado
Bruno, grata pelo seu comentário. Tenho ouvido bons argumentos de ambos os lados desta questão. Você tem razão e o outro lado também tem. Ações afirmativas(é como chamam) são necessárias para reverter ou minorar as consequências da escravidão. Há uma dívida social que deve ser paga. O tempo dirá se as cotas raciais são o caminho. E vai demorar. Abraço, Valéria
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDra. Valéria, essa suposta "dívida" inclui alunos brancos pobres que estudaram em escolas públicas ou escola particular com bolsa de estudos, TENHO VERGONHA DE SER BRASILEIRO. Em assistir essas
ResponderExcluire outras desigualdades, pelo fato de alguns que ao invés de banir a segregação, a estimula, e o que é pior da guarida ao ódio racial contra as minorias. Não existe e nunca existirá igualdade racial, neste ato do STF. Afirmo com base no Art. 5º da constituição federal de 1988. O ACESSO à educação é DEVER do Estado e não privilégio de alguns. Acreditar que a dívida social, a que vós referis, será paga à custa da exclusão racial e econômica é algo obsceno e utópico. "se alguém é a favor do sistema de cotas, esse é a favor de uma universidade só para negros e nenhuma para brancos". Anseio sinceramente que os Ministros do STF respeitem a população, e criem mecanismos para coibir o racismo, contudo não o promovam. E que um dia negros e brancos possam disputar as vagas do vestibular, (em pé de igualdade) sem favoritismo. Estou aberto a discussões, porém com embasamentos.
Aliás, quem pode afirmar que é “negro”, neste País, se o brasileiro é originário de uma mistura de raças e culturas. Todavia a capacidade intelectual é orçada, através da cor da pele. (interr.)
Peço perdão aos leitores em especial a, Dra. Valéria, se minha critica pareceu rude, entretanto como se trata de assunto de interesse popular, resolvi dar minha opinião.
ResponderExcluirPrezado J., não é preciso pedir perdão pela veemência do seu argumento, mas achei delicado seu pedido duas horas depois da postagem do comentário inicial.Tenho ouvido seu entendimento de várias outras pessoas que no entanto, não têm a coragem ou interesse em manifestar-se publicamente. Sua opinião é bem vinda e agradeço sua seu comentário. Terei que invocar o mestre Jung porque sua mensagem formou uma sincronicidade (a dita coincidência). Exatamente hoje, feriado, estava eu revendo notas e na dúvida se voltava ao tema das cotas, tenho guardado um subsídio interessante da experiência norte-americana e pouco conhecido. Guardei a nota numa pasta, adiando, quando recebi seu comentário. Resultado: voltaremos ao tema. Grata pela benéfica provocação. Foi para mim uma alegria esse intercâmbio realizado por intermédio do Blog. Seja bem vindo e volte sempre. Cordial abraço, Valéria Veloso
ResponderExcluir