sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Quando o juiz se apaixona pela decisão

Nesta semana encontramos querida colega numa entrada lateral do fórum. Fizemos uma pausa para o congraçamento. Uma das máximas deste Blog é que advogados adoram confraternizar. Divisamos outro colega e mais um veio cumprimentar. Pronto, formado alegre comício na porta do fórum. Sabem como é, mais de três mineiros reunidos é comício. Sabem todos também que mineiros adoram política. Não falamos disso, falou-se sobre ressureição, um dos colegas é versado em teologia. Vejam o nível da tertúlia forense. E depois, quando o comício ficou reduzido a duas mineiras passamos ao grave tema: o que fazer quando o juiz se apaixona pela decisão prolatada. Aqui na roça dizemos: é aí que a porca torce o rabo. Coisa difícil.

A colega queria externar sua angústia, "precisa por isso no Blog". Como vivemos repetindo ao angariar vítimas para leitores que o Blog é dos advogados, para os advogados e pelos advogados, vamos fazer o dever de casa direitinho, dando voz à colega. Aliás, é um dos significados da palavra advogar, dar voz a. Encontrada a missão, mãos à obra.

A colega narrou a audiência a as pérolas ditas pelo magistrado, visivelmente insatisfeito com a reformada de uma sua decisão pelo tribunal mineiro num agravo de instrumento, à unanimidade, diga-se de passagem. É... ponderava em voz alta, como se estivesse na solidão de seu gabinete, mudar isso só se um desembargador da turma morrer. 

Estupefatos estarão os leitores a esta altura, como ficaram as partes e advogados obrigados a ouvir as divagações do juiz. E continuou: Fulano, Beltrano e Sicrano, tão cedo não se aposentam. É...

Perguntamos nós: Por que tanto apego à decisão prolatada? Deixa o tribunal reformar em paz.
Diríamos do alto da nossa prática ao rés do chão (somos um nada, outra máxima do Blog): - Larga dela! (tempo imperativo caboclo). São como filhos, criamos para o mundo. 

Caso grave de confusão entre a pessoa e função. Acontece nas melhores comarcas. O que fazer em situações tais que? Ai, que difícil. Devemos alertar o meritíssimo, incontinenti, dos perigos da confusão em pessoa e função? Mui perigoso. Antevemos acalorado bate-boca, vias de fato, voz de prisão e "chamem a Ordem".

Devemos jogar os papéis sobre a mesa, dizer I give up (eu desisto), e deixar a sala de audiência? Cena de cinema mas não eficaz.

Precisamos de algo à altura do fato. A coisa é pior do que imaginam. Em frente ao magistrado, ex-marido e ex-mulher, idosos, questão de pensão alimentícia. Adivinhem para quem? A mulher idosa enche os olhos de lágrimas. Tem mais, mas ficamos por aqui.

Bom fim de semana.

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