sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A entrega do formal

Depois de três anos recebemos hoje no cartório de uma das varas de sucessões de Belo Horizonte o almejado formal de partilha. Pensarão os leigos que nunca viram um, que deve ser algo solene, a entrega feita pessoalmente pelo juiz,  a capa com arabescos e montes de carimbos oficiais. Nada disso, cópias xerox, última página original. Não queremos tudo simples e moderno? 

Demora-se tanto a chegar nesta fase que quando dizemos à atendente, viemos buscar um formal, abre-se-lhe um sorriso, ah, que bom, o processo chegou a termo, cumprimos nosso papel, etc, etc.. Do lado de cá do balcão apertado, estamos mansos, tranquilos, e devolvemos o sorriso, também nós cumprimos nossa missão. Ao lado os colegas às voltas com os passos anteriores do processo suspiram e pensam: havemos de chegar lá. Sem solenidades depois de três anos, nenhum sino, sem discurso. Advogados, no fundo, são chegados a uma formalidade, embora esbravejem contra todas elas em cada esquina do fórum. 

Sabemos de um escritório aqui na capital dos mineiros (lemos numa revista fashion), que toca uma sirene toda vez que vence uma demanda. O pessoal minimalista da redação acha a medida meio jeca, importada dos americanos, metas de vendas, essas coisas. Mas deve servir para animar o pessoal que labuta, alguma coisa como o reflexo de Pavlov, lembram-se, o cachorro, a buzina, a salivação, não necessariamente nesta ordem.

Celebrar é preciso. Vamos imaginar algo para marcar este momento auspicioso. Que seja uma forma brasileira, moderna, simples, mas que traduza o indizível sentimento de "mais um, conseguimos",  enfrentamos novamente a máquina burocrática e extraímos dela, depois de três anos, este título em papel xerox.

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