domingo, 23 de junho de 2013

Manifestação de rua, você foi?

Se você não foi à manifestação de sábado, 22/06 em Belo Horizonte, o Blog foi e te conta tudo. A OAB/MG convocou os advogados pelo Facebook. No que se refere à adesão dos advogados militantes, vamos ser muito francos: deixou a desejar. Vamos além, foi pífia. Demérito para a classe, advogado despolitizado é o começo do fim. O advogado é um ser político, um agente político, com exceção daqueles que utilizam a profissão unicamente para encher as burras e olhar para seu próprio umbigo. 


Vejam só os gatos pingados, digo, os advogados pingados na concentração na hora marcada na porta da sede da OAB/MG na Rua Albita, 250.

Estas assustadoras estátuas ornam a pracinha em frente à sede.

Pedimos perdão ao artista escultor, todo artista tem nosso respeito irrestrito, cremos até que haja captado inteiramente o momento histórico que atravessa a advocacia e brutalizado as figuras. Ele com um terno tipo "o defunto era maior" e ela com um terninho que arrasa qualquer figurino. Mirem as expressões faciais, parecem antever o fim de tudo, talvez olhem para cima pedindo luz divina. Outro quesito importante, muito bem observado por um colega chegado de Uberlândia: o gesto parece de pedinte. Procede a arguta observação. Não é o gesto elegante e altaneiro de quem perora ou argumenta mas de quem pede.

Começando a animar:

Neste momento as divergências começaram a se acentuar. Um grupo mostrou com orgulho o cartaz impresso em gráfica com os dizeres: "A elite está na rua" e terminava com um "Graças a Deus". Nem fotografamos para mostrar aos distintos leitores que não puderam dar o ar da graça no evento cívico, tamanho o despropósito. Que elite, meu povo? Os advogados? Rá! Please. Nós somos no máximo, a sociedade civil organizada. Elite? Cruzes. E invocar Deus a esta altura, também não vale, o ato é laico, aceitos ateus, umbandistas, espíritas, católicos, apostólicos, crentes, não crentes, etc. Enfim, deixemos os rapazes crentes que são "dazelite" e que Deus está com eles. Vamos abrir espaço para a jovem manifestante e para o humor corrosivo do brasileiro que também bateu ponto na manifestação:

                                 
A divergência não acabou. Teve mais: o pessoal da diretoria saiu do prédio e começou a distribuição das camisetas pedindo paz. Tudo bem, sabemos que é preciso desovar o estoque de camisetas que sobraram da última passeata pela paz (comentada neste Blog como algo inócuo). Recusamos a camiseta e tascamos para um dos dirigentes:  - Quem é o ideólogo da manifestação? Seguiu-se o seguinte diálogo:
- O quê??!! perguntou entre atônito e desagradado.
- O ideólogo. Pedir paz é um equívoco. 
- Por quê? O quê que tem que pedir? 
- Direitos, a OAB reivindica direitos, não pede paz. Direito à saúde, educação e segurança. 
- A OAB não pode pedir isso. É a paz, sim, está certo - sentenciou na qualidade de dirigente.
Disse ele que a OAB não podia pedir mas é exatamente o que está escrito nas faixas da OAB, vejam:


Assim divididos saímos em passeata rumo à Avenida Afonso Pena, observados pela Polícia Militar:


Antes disso os estudantes desceram do bairro Anchieta e juntaram-se aos advogados. Isso sim é que é animação, eles tem muita prática em passeata e um líder que é um homus politicus nato. 

Gritos de ordem da passeata:

Da Copa! Da Copa!
Da Copa eu abro mão
Eu quero ver dinheiro
Na saúde e educação

O professor 
É meu amigo
Mexeu com ele
Mexeu comigo

Estudante e advogado
Cidadão indignado

Vem! Vem!
Vem pra rua, vem

OAB unida
Justiça garantida

Descida da Av. Afonso Pena


Do Edifício Panorama as pessoas jogavam papel picado, agitavam lençol e bandeira do Brasil. Dos restaurantes e bares o pessoal saía e aplaudia com entusiasmo. A cada esquina cartazes de protesto, motoristas e motociclistas buzinavam.

Uma mulher e a filha deixaram o trânsito para aderir à passeata debaixo de aplausos. Na confluência com a Rua Guajajaras uma cadeirante foi ovacionada ao engrossar a passeata. O movimento que começou tímido na porta da OAB chegou a entusiasmar por onde passou. 

No meio do caminho tinha um Tribunal de Justiça. Lá em frente ao TJMG um grupo de servidores aguardava para protestar e aderir à passeata. Vejam: os estudantes buscam os advogados na OAB que buscam os servidores nas escadas do Palácio da Justiça. A cada encontro, discursos rápidos ao megafone e palavras de ordem, e toca a passeata.

Em frente à Prefeitura Municipal vários Táxis-Lotação enfileirados com faixas de adesão ao movimento.
"O Táxi-Lotação apoia a redução da passagem de ônibus"
 Aplausos, gritos, o pessoal estava realmente animado.
Vejam, esta é a sociedade civil organizada e irmanada. Foi muito bonito.

Chegada à Praça Sete
 





 Vem! Vem! Vem, pra rua vem! Essa beleza toda foi antes da praça de guerra que aconteceu, infelizmente, em Belo Horizonte, no final da tarde, no entorno do Mineirão.

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