quinta-feira, 6 de junho de 2013

É caro, vai doer e não tem recibo

O "feeling" anda afiado. 

Momento um: senti exatamente o momento em que perdi o cliente pelo telefone. Paciência. A verdade dói às vezes. Nada de prometer um mundo de ilusões, nada de dourar a pilula, nada de falar aquilo que o cliente quer ouvir. É melhor lidar com a realidade do processo. Ninguém disse que era fácil. Mais sinceridade do que isso só aquele dentista lá de Carmo do Rio Claro. A narrativa é do Dr. Jorge Moisés, avisava o colega de Tiradentes ao cliente: "É caro, vai doer, e não dou recibo."  Antes que as candinhas afiem a língua, atalhamos: aqui damos recibo.

Momento dois: aquelas consultas que não desaguam em ação. Algo te diz: não vai dar em nada. Esse algo é o "feeling" ou cá para nós, intuição. Litigar, assim como advogar, não é para todo mundo. A pessoa tem que ter, como dizia Ilhering, o vivo sentimento jurídico do direito agredido, ou algo assim. Se não tem, não passa nem da porta do fórum. Há que ter peito e fibra para litigar e para suportar um processo. Até mais, aparecendo coragem, volte. Nada de tibieza por aqui.

Leitores preocupadíssimos ligaram sobre o comentário de ontem, as urzes da advocacia e coisa e tal, queriam hipotecar solidariedade, marcar ato público de desagravo e tudo o  mais. Gente, não precisa, não é para tanto. Se bem que ... Até que a ideia é boa.

Vamos aproveitar. Para os críticos de plantão: nos divertimos horrores. E vocês? Temo que não.

Não é fácil chegar aos quinze anos (brincadeira) e descobrir que sim, temos desafetos. Não é mesmo uma pena? A unanimidade ficou lá no jardim de infância, mentira, até lá já pintavam o sete aquelas menininhas insuportáveis. Quem não sofreu bullying na escola atire a primeira pedra.

O Tao Te King recomenda entender a escuridão do outro. Lao, o Tsé, está querendo demais, já não é fácil lidar com a própria, dar conta (coisa de mineiro), da escuridão do outro é, às vezes,  pedir demais.

Só os medíocres não tem inimigos, consola um colega. Sei lá se isso procede. Liga, não (essa frase é insuportável, se abstenham, por favor). As colegas do movimento feminista se alarmam e põem-se a postos: quem teve a ousadia? Liguem, não, meninas - devolvemos. Quem não tem seus percalços e suas diferenças, não é mesmo?

É só blague, continuamos na paz, por enquanto.

Hora de sair correndo e procurar o Google, tanta palavra nova hoje ... blague, tibieza, tao, lao, urzes, Ihering e por aí vai.

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