O telefone do Blog não
para, “não vai falar disso?” “E daquilo?” “E daquilo outro”. Ok, vocês
venceram. Aqui neste quadrado digital mandam os leitores (força de expressão,
nada de interpretar ao pé da letra e começar a espalhar o pé).
Querem que se fale da
briga dos poderes, STF e Câmara dos Deputados. Sinceridade? Democracia jovem dá
uma preguiça danada.
Tudo começou com a
famigerada PEC 33/2001, (por que famigerada, estarão perguntando os leitores
leigos que nos honram), é o seguinte: qualquer pessoa que passe pelos bancos de
uma faculdade de Direito sai com essa noção entranhada nas vísceras: a independência
dos poderes e a supremacia das decisões judiciais. Ponto final.
Veio a malfadada PEC
33/2001, que quer dar ao Legislativo a palavra final sobre as decisões do
Supremo Tribunal Federal, súmulas vinculantes, ações diretas de
inconstitucionalidade (Adins) e ações declaratórias de constitucionalidade
(ADCs). De arrepiar Montesquieu.
Recapitulemos: isso
cheira a ditadura, como no tempo de Vargas. A Constituição de 37, conhecida
como “polaca”, dava poderes a Getúlio de cassar decisões do STF e confirmar a
constitucionalidade de leis derrubadas pela Corte. Quase um Rei-Sol. L’etat
c’ést moi. O Estado sou eu.
E tem mais: quem
estava mesmo participando da votação? Sim, réus condenados na Ação Penal 470
julgada outro dia pelo STF: os deputados José Genoíno e João Paulo Cunha.
A votação era
simbólica, mas Genoíno fez questão de registrar sua posição favorável à
matéria. Vejam o momento:
O que disseram:
“Eles rasgaram a
Constituição. Se um dia essa emenda vier a ser aprovada, é melhor que se feche
o Supremo Tribunal Federal”. Gilmar Mendes
“É sintomático
que na comissão tenhamos dois réus da Ação Penal 470”. Marco Aurélio
Mello.
“É um projeto
inconstitucional e de viés ditatorial. É próprio de quem não está assimilado ao
Estado Democrático de Direito. Essas pessoas são as mesmas que querem violar a
liberdade de imprensa”. Carlos Mário Veloso, ex-ministro do STF
“Perplexo”. Roberto
Gurgel
“Não passa de
tempestade em copo d’água”. Décio Lima, que vem a ser o presidente
da brilhante Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, do PT de SC.
A ala anarquista do
Blogue gostou muito da ideia de Gilmar, mudando a casa a ser fechada.
A ala fashionista,
mas altamente politizada declarou-se bege com a ousadia da CCJ
da Câmara.
Os instrumentalistas e
os neoconstitucionalistas não chegaram a um consenso e passamos para a ala
popular, sempre pronta a opinar:
A ala popular
questiona firmemente o teor da PEC 33: por que não chamaram os
universitários? Aliás, os meninos do 1º Grau?
Instalada a celeuma a
Direção do Blog num arroubo de patriotismo mandou comprar várias constituições
de bolso, passou caneta iluminadora amarela no texto do artigo 2º, in
verbis:
Art. 2º. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. (Constituição Federal, 1988).
E mandou despachar
pelo correio direto para os membros da CCJ em Brasília, sem esquecer de anexar
como brinde o Espírito das Leis, de Charles-Louis de
Secondat, o barão de Montesquieu, em bom português, é
claro; en français, já é querer demais, é muita frescura. A
Direção fez escrever o seguinte recado, curto e grosso: “Obedeçam a
Constituição”.
Eles não juraram sobre
ela na posse? Nem todos.
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