segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

De onde vem a opressão?


Tudo começou ao decidir apresentar aos distintos leitores deste Blog o jovenzinho louro vestido de Santo Ivo ao lado da caveira (a finitude da vida) e dos livros. Sinceridade? Aquele barrete de bacharel, o capelo, certamente não existia na época de Yves de Kermartin, deve ser obra de algum marqueteiro para didaticamente associar o santinho aos bacharéis em Direito.

Antes de tudo, aos diletos leitores espíritas e ateus, não adoro imagens, não cultuo santos, não creio em bruxas, mas creo en los simbolos, a leveza da pequena estatueta faz uma ligação imediata, (um link para os cibernéticos), à nossa profissão. Enfim, gostei dela, está aqui e estará ao longo do ano.

A belezura foi adquirida em dezembro numa loja da Savassi num dia de calor escaldante, inesquecível. Está aqui sobre a mesa para lembrar-me que sono avvocato. Sim, em italiano não há flexão de gênero para a palavra advogado. Nada de avvocata, disse-me o professore Mateus na Fondazione Torino onde passei brevíssimos meses em 2010.

Sed contra (um latinório de vez em quando não faz mal, ok?), o dicionário Michaelis aponta avvocatessa. Charmoso, não?

Tem Dilma e a questão da “presidenta”. Pilar del Rio defende veementemente a palavra, no cargo da Fundação José Saramago. Confiram:

Pilar del Rio em entrevista a jornalista português, cena do filme "José e Pilar" do cineasta português José Gonçalves Mendes

Me gusta la Pilar mas continuo achando a palavra feia, presidenta. Se presidente termina em “e” podemos deixar assim, não?

Tais reflexões no fim do recesso forense desencadearam um pequenino escrito, em segunda mão para os amados leitores pois primeiramente publicado alhures, naquele blog feminista, Fórum de Mulheres. Segue:

De onde vem a opressão?

Uma questão de gênero, o feminino.

A questão é o útero. E os peitos. Tem também a questão da membrana, o hímen. Os órgãos sexuais externos já podem ser modificados com cirurgias, transformados um no outro.

Deles, dos órgãos que tem as mulheres, de tudo que deriva e nasce deles, sexo, o sangue, a criação da vida, vem com eles, historicamente, o cerceamento, o controle, a opressão.

Quando deveria vir compulsoriamente a reverência à criação, o respeito, o cuidado.

A biologia é inafastável. O cerceamento, o controle, a opressão não aceitamos mais.

Queridas, caridade começa em casa. Comecemos por nós. Consciência ampla do nosso corpo e suas implicações. Consciência ampla do nosso papel no mundo. Cabe a nós nos darmos o devido respeito e importância. Nada de mendigar, auto respeito é tudo e modifica nossa atitude e nossas relações com os outros.

Fórum de Mulheres. Um blog feminista, é claro.

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