quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Quem manda aqui sou eu

Andam reclamando da falta de compostura de alguns ministros do Supremo nas sessões televisionadas. Bate-boca, ofensas, embora, vira e mexe repitam: "aqui discutimos ideias." Ontem, dia da decretação da prisão imediata de alguns réus do mensalão, não foi diferente. E houve tempo de sobra, a sessão se estendeu além das 21 horas da noite de quarta-feira.

As frases do dia:

Vamos chamar as coisas pelo nome. Isso é manipulação (Gilmar Mendes)

Vamos deixar de lado essas manobras. Isso é chicana, chicana consentida. (Barbosa)

Contenha-se como presidente. (Lewandowsky)

Interpelado por Teori sobre o uso e sentido da palavra chicana:
Eu uso a palavra que bem entender. Conheço bem o vernáculo. (Barbosa)

Pelos jornais vimos que Barbosa chamou Marco Aurélio Mello de vaidoso. E ele não se fez de rogado, admitiu: "Sou vaidoso. Gosto de gravatas bonitas." Destaque para as gravatas do dia, roxa, de Lewandosky e vermelho-choque de Fux. A seção de Estilo foi chamada para opinar e discordou da cor trajada por Carmen Lúcia, o tom entre marron e beringela abateu sobremaneira seu semblante. Caem-lhe melhor os tons claros, branco, então, fica-lhe muito bem. 

Soubemos hoje pelos jornais que o voto do ministro Tóffoli pela prisão imediata surpreendeu o meio petista ligado ao réu José Dirceu, que estava ontem no litoral da Bahia. O placar do julgamento foi de seis votos a favor da prisão imediata e cinco contra, o voto de Toffoli foi decisivo.

Barroso esteve mais recolhido e com discrição ressaltou que a decisão mostra como se faz política e como se pratica o direito penal no Brasil. São dele as seguintes frases:

Temos milhares de condenados por pequenas quantidades de maconha e pouquíssimos condenados por golpes imensos na praça.

A corrupção não tem partidos e é um mal em si mesmo.

Para ser preso no Brasil é preciso ser muito pobre e mal defendido.

Quando tal afirmação parte da boca de um ministro, que foi advogado constitucionalista por longos anos, sabemos que estamos diante e dentro de um sistema maior e além da nossa vontade. 

Vamos finalizar registrando o que vimos: a falta de respeito do presidente com os advogados, o tom de desprezo ao se dirigir a eles. Alguns deixavam a tribuna cabisbaixos como alunos que levaram reprimenda do professor (isso, na escola de antanho, hoje professores quase apanham em sala).

Com impaciência disse aos corajosos:

"A fase de sustentação oral já passou há muito" que pode ser entendida como "o que está fazendo aí nessa tribuna? Pode descer, já!"

Com ironia disse:

"Mas isso não é questão de fato" entendida como  "está errando feio" .

Toron, da tribuna e Barbosa, discutiram. Toron chamou Gilmar, meu mestre. Que devolveu o afago, falou no brilhantismo dos advogados.

Quando vemos Marco Aurélio responder com uma blague, fazendo humor em plena sessão do Supremo somos obrigados a reconhecer algo de carnavalesco no modo de ser nacional. Não nos exijam modos ingleses, durante algum tempo funciona mas, de repente brota algo macunaímico e se espalha. 

Vamos chamar Caetano que continua Caetano, mesmo depois do "Procure Saber":

Abrirmos a cabeça
Para que afinal floresça
O mais que humano em nós.

Bom feriado.

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