Mais refresco numa semana quente. Falamos da semana passada embora Belo Horizonte torre sob o sol de segunda-feira. Na quarta-feira passada Antônio Cícero esteve na Academia Mineira de Letras para falar do seu ofício de poeta. É para poucos, sabemos. E para os que gostariam e não souberam, não foram ou estavam longe, gravamos o poeta declamando.
Guardamos o caráter transgressor da poesia. Foi um bálsamo numa semana de alta temperatura. Observamos que as inserções de literatura (em multimídia) num blog de tema jurídico, sem premeditação, estão em sintonia com o tema forte daquela semana. Será preciso pesquisar um pouco para acertar este claro enigma.
A seguir, uma prévia, até o fechamento desta edição, só dois vídeos estavam editados. E como o fórum é longe, tempus fugit, Antônio Cícero voltará a declamar em outras edições. Carpe diem.
Guardar
Antônio Cícero
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que um pássaro sem voos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarde um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.
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