MESMO SEM BEBER
O consumidor que encontra um
corpo estranho em seu alimento fica exposto a um risco concreto de lesão a sua
saúde e segurança, o que, mesmo sem a ingestão do produto, dá direito à
compensação por dano moral. Com base no direito fundamental à alimentação
adequada, a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça condenou a Coca-Cola a
pagar cerca de R$ 15 mil a uma moradora de São Paulo que encontrou um corpo
estranho em uma garrafa de refrigerante.
A mulher pediu indenização por
danos morais e materiais após encontrar “algo estranho” no produto, em 2005.
Ela disse ter contatado a empresa, mas não houve troca. Na primeira instância,
a Coca-Cola foi condenada apenas ao pagamento pelo dano material, no valor de
R$ 2,49. Já o Tribunal de Justiça paulista avaliou que houve abalo moral e estipulou o
pagamento de 20 salários mínimos (R$ 14,480) — a consumidora havia pedido 300
(R$ 217.200).
A Coca-Cola recorreu ao STJ com
o argumento de que "a sensação de nojo e asco” relatada pela autora ao ver
um refrigerante cujo conteúdo sequer foi consumido não é capaz de trazer
qualquer sofrimento moral. A ministra Nancy Andrighi, relatora do
caso, teve entendimento diferente: embora a ausência de ingestão já tenha feito
a própria corte negar pedidos de indenização, ela avaliou que a simples
presença de um corpo estranho fere o direito do consumidor.
Segundo a ministra, o cliente
sempre é protegido de produtos que coloquem em risco sua saúde e sua
integridade física e psíquica. “Uma vez verificada a ocorrência de defeito no
produto, [...] inafastável é o dever do fornecedor de reparar também o dano
extrapatrimonial causado ao consumidor, fruto da exposição de sua saúde e
segurança a risco concreto.” O colegiado acabou negando provimento ao recurso
da ré. (Por Felipe
Luchete, Consultor Jurídico, 12/03/14).
Clique aqui para ler o acórdão.
REsp 1.424.304
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