Advogados não mordem. É o novo mantra do Blog. É preciso campanha para divulgar a premissa aos quatro ventos onde respiram as classes que lidam conosco. Lembrem-se todos, advogados não mordem. Não é preciso falar conosco de soslaio (gostaram?), meio de lado, de rabo de olho, demonstrando estarem ocupadíssimos como a se proteger de nós, para ver se vamos embora logo, como se estivéssemos com uma doença contagiosa. Afinal, o que somos nós? Um bando, digo, rebanho de ovelhas, balindo pelos corredores do fórum, tribunais e órgãos adjacentes, pedindo, pelo amor de Deus, me dá uma liminar; despacha aqui; põe à conclusão a petição que não foi juntada há dois meses; devolva o processo retido meses além do prazo (tudo caso verídico). E como tem ovelha! Daí o rebanho, é muito advogado. Duvida do tratamento, caro leitor? Vá a uma vara de família, à tarde, lotada ou não. Depois a gente conversa.
Tem também a turma do deixa-disso, mexe com isso não; vais sofrer muito; pra que isso?; esquenta não, é assim mesmo. Significa: pelo amor de Deus, advogado, não crie um incidente processual, mais um para resolvermos. Mais um, não!
Seguinte: temos uma classe a zelar, anda desprestigiada, é verdade, mas é nossa e vamos nos bater por ela. Bater, é modo de dizer, fiquem sossegados. Daí que, vamos pedir certidão, sim, vamos historiar os fatos, processo é isso, precisa de papel para provar, além do que, agimos por mandato, temos um cliente a prestar contas dos nossos atos profissionais.
Ontem no fórum, o Coordenador de uma seção, ao ser presenteado com nosso marcador de página, onde se lê o dístico do Blog: o dia a dia de uma advogada, críticas e elogios aos juízes, etc., ..., fez o diagnóstico bem humorado da nossa psique: "Ah, a senhora gosta de briga". Nada disso, digno servidor. Não havia tempo nem circunstância para explicar que professamos convicções quase budistas pela felicidade de todos os seres sencientes, alinhadas à ahimsa (a não-violência de Gandhi), além do que, como mineira, damos um boi para não entrar numa briga.
Nossos leitores são testemunhas, temos horror a brigas. Daí a diferença entre briga e ativismo. O que seria ativismo, mesmo? Respondemos já, temos conceito próprio: ativismo é quando a pessoa descola do seu mundinho, vê coisas que ninguém vê, resolve falar sobre elas e propõe uma mudança de atitude.
Podemos afiançar com serenidade (vêem a não-violência?), que praticamos o ativismo nas causas da advocacia e da mulher.
A mudança de atitude que propomos hoje, aliás, são duas proposições, a primeira: "Ah, a senhora é ativista" no lugar de "Ah, a senhora gosta de briga". Bravo! E a outra: advogados não mordem.