segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O trem parou

Sabemos que o procedimento não funciona bem, funciona às vezes. Há gargalos, estreitos, desfiladeiros e paredões. Estamos falando de processo, de providência cautelares que esbarram no sistema, na recalcitrância dos réus, podemos chamar também de litigância de má-fé. Custa cumprir sponte sua a condenação? Mas neste país em cada um olha seu próprio umbigo, seu próprio quintal e os seus, apenas, o que é uma condenação? Não é nada. Vamos dar trabalho a eles, os outros. Sartre sabia das coisas, o inferno são os outros, deve certamente haver andado por aqui. Andou mesmo e não gostou de jabuticaba. Achou uma bobagem.
Daí, querido leitor, quando surge um paredão, um tempo morto no processo, a primeira coisa a fazer é respirar fundo e lembrar que sim, estamos no Brasil, no estertor de 2013, o pedido de urgência foi protocolizado há semanas, abriu-se vista à outra parte e aí? Hora de sacar a beca e ir lá, em pessoa, atrás do juiz, que poderá estar em férias (assunto tabu para advogados, não estranhe a cara feia). Haverá um substituto  para arbitrar o valor da multa nas costas dos réus? O processo estará em secretaria? Quem resolverá essa pendenga? Outro dia ligou um colega e disse-me que estava com uma dúvida. Só uma? Temos aos montes. A engrenagem vai devagar quase parando e o catalisador, o alquimista, o advogado vai a caminho. O trem da justiça não se move sozinho depois da partida, dá uns solavancos e para. O paquiderme só voltará a andar após ser devidamente cutucado. Física, química, alquimia, estamos quase chegando às artes mágicas para o procedimento judicial converter em realidade o direito reconhecido. Quer experimentar alguma dificuldade? Tente executar um julgado.

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