terça-feira, 14 de maio de 2013

Com a alma lavada e enxugada


Tarde memorável no tribunal, julgamento dos embargos infringentes, aguardado há um ano. Prepare o seu coração. O machado que vinha sendo afiado funcionou a contento e laminou aqueles votos horrendos e majoritários. Dois novos julgadores aderiram àquela beleza de voto minoritário.

Após o serviço feito computamos conscientes os ônus do sapateio na tribuna. Nem tudo são flores, queridos. Juízes têm memória de elefante, jamais esquecerão os ataques à sua obra naquela tarde. Nem nós. Assumimos os ônus. Advogado não pode ter medo de ferir susceptibilidades, ainda mais com votos contrários à prova dos autos. Ônus devidamente assumidos sem esquecer aquela assoprada básica depois de bater, aliás, descer a marreta com vontade.

A questão como sentiram, era grave, a vítima estava lá na sua cadeira de rodas.

Sentiremos uma falta enorme deste salvador recurso que está com os dias contados. Virá o novo código de processo. Aproveitem que vai acabar. Ainda me lembro daquele onze de abril (há alguns anos, praticamente, ontem), quando saí do tribunal, como diria o Odorico Paraguaçu de Dias Gomes, com a alma lavada e enxugada, com a virada no placar de 2 x 1 para 5 x 0. Para os leigos: não é mágica, são convocados mais dois desembargadores para compor a turma. Dois grandes juízes voltaram atrás. Isso dá esperança e conforta advogado e jurisdicionados, que afinal somos todos nós.

Depois de empurrar a cadeira da cliente, aliviada e satisfeita, até o belo elevador pantográfico do tribunal, pensarão os leitores que pudemos descansar e comemorar serenamente e à altura o resultado. Nada disso. Rumo ao fórum passando antes em assemelhado do Rei do Kibe ou algo assim, há prazo vencendo hoje e saco vazio não para em pé. Posteriormente haverá descanso e comemoração. Emoção também cansa, ensina Dr. Jorge Moisés, o advogado.  Celebrar é apoderar-se da própria vida, ensina Frei Cláudio. Discípula farei ambas a tempo e modo.

2 comentários:

  1. Estava presente e pude acompanhar a classe como foram colocadas as reivindicações e os consequentes resultados. Parabéns a advogada pelas palavras e seu sucesso! Vale lembrar que durante o exercício da profissão o advogado não está subordinado hierarquicamente ao Juiz; pode depender de sua decisão mas nunca se sentir intimidado pela "cadeira" e consequente posição que se encontra!
    Aproveitando a oportunidade, não pude deixar de presenciar na mesma tarde, uma outra advogada fazendo sua sustentação oral com muita classe e objetividade que a meu ver, fez com que os desembargadores presentes analisarem melhor seus votos.
    Não pude deixar de perceber também o "ato falho" da parte contraria que na sua sustentação oral "trocou desapercebidamente" "prejuízo patrimonial" com "prejuízo moral".
    No caso específico, para quem conhece os fatos e os envolvidos, já fico satisfeito pelo reconhecimento público (nem que seja "sem querer") da realidade!
    Não se esqueçam que o que os homens não vêm ou fingem não ver com certeza Deus está vendo e Sua justiça pode tardar mas NUNCA falha!!!!

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  2. Uma testemunha ocular presta seu valioso depoimento e aguça a nossa curiosidade. Quis permanecer anônimo mas deu seu recado. O Blog agradece os comentários e acréscimos aos fatos da tarde memorável.Volte sempre.

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