Seminário Internacional de Mediação
Conferência do Juiz Jean-Luc Pierre do Tribunal de Grenoble, França, ontem à noite, no auditório da Faculdade de Direito da UFMG, Belo Horizonte.
Cheguei a tempo de ouvir os hinos da França e do Brasil. Em respeito os presentes devem ouvir o hino voltados às bandeiras hasteadas no palco. O juiz cantou o hino da sua pátria. Durante o hino nacional brasileiro esperava ouvir mais comoção dos presentes diante do momento histórico que vivemos, televisionado em tempo real. Nada. Também cantei nosso hino.
Cadê o fervor patriótico da nação no auditório da Faculdade de Direito? Talvez seja a hora do dia, talvez as luzes do auditório reformado com verba do governo de Itamar Franco na presidência, salvo engano. São os lambris de madeira antiquados que não ornam com o belíssimo e colorido mural de Yara Tupinambá sobre a Inconfidência Mineira. A maioria de psicólogos em relação ao número de advogados, talvez? Não estiveram os presentes acompanhando a leitura do relatório do Senador Anastasia na Comissão de Impeachment, só pode ser.
Composição da mesa. Antes, registro que o mestre de cerimônias da ocasião falava muito apressado e alto demais. Não precisava tanto, destoou do tom do evento. Também não era discreto, andava para lá e para cá com o paletó aberto. Para quê diminutos detalhes, perguntará o arguto leitor.
Explica-se, são detalhes que registram o sinal dos tempos e a mudança de gerações. Algo se perdeu e está sendo perdido com a chegada aos postos de poder das novas gerações, que não aprenderam grego ou latim ou estudaram filosofia. Ainda que tenham doutorado e pós-doutorado. A sobriedade e elegância das solenidades tem sido mantida às custas dos cerimoniais porque a informalidade grassa inclusive na academia, o último reduto.
Poderia dizer mais, mas não direi. Vou direto à conferência em tradução simultânea de voz que reconheci, sim, é a jornalista Vera Bernardes, que tinha um programa na televisão local. O juiz francês é simples e elegante, avisou que falaria em francês porque é a única língua que fala. Como os que o antecederam declarou-se apaixonado pela mediação e fez relatos interessantes da sua experiência no Tribunal de Grenoble.
E deu o motivo da fascinação da mediação: a dimensão humana reencontra sua dignidade.
Contou casos como o da funcionária demitida de uma empresa após 20 anos de trabalho e o trauma que sofreu, chegando a evitar passar pela rua da empresa. Seu estado era tal que, na sessão de mediação escondeu-se atrás do mediador com medo do empregador. Esta pessoa saiu do tribunal conversando com a outra parte.
Algo acontece na mediação. O resgate da dignidade da pessoa atingida por uma lesão ao seu direito. E a reconexão, em outros termos, em outro patamar de relação com a outra parte. Uma continuidade no diálogo. É revolucionário.
Como diz o Juiz Jean-Luc Pierre, trata-se a mediação de uma dimensão inovadora. Entre o "sim" e o "não", na resolução de conflito, há várias possibilidades de solução.
Como start foi excelente o depoimento do juiz francês. Agora é aprofundar na dimensão inovadora. Um alento para este momento de crise nacional.
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