Com o poético título de Time to go (Tempo de ir) e o subtítulo The tarnished president should now resign (A presidente manchada deve renunciar), aqui em múltipla escolha do leitor o significado da palavra inglesa tarnished (manchada, enodoada, desdourada, atingida), segundo sua acepção sobre os mais recentes acontecimentos pátrios; com esta manchete a revista The Economist em artigo objetivo analisa o escândalo atual e dá ao Brasil receita do que fazer.
O primeiro impacto é de surpresa ante a
ousadia do jornal em dar opinião na casa alheia sem ser consultado. Só porque
são do primeiro mundo podem colocar o dedo sobre nossas feridas abertas e
prescrever o remédio?
Já dizia Pinto da Costa em 2014 à ex-potência colonizadora, que São Tomé e
Príncipe não necessita dos seus aconselhamentos, nem tão pouco das suas lições
e muito menos da sua interferência. “STP não necessita de aconselhamento, lições ou ...
Num segundo momento, lido o recado,
digo, o artigo, é hora de cair na realidade e ver que sim, tornamo-nos a
chacota do mundo. Finalmente chegamos ao ideal tropical de república bananeira.
Nada mais consequente que sentirem-se os colonizadores de longa data e de
outros povos no direito de dizer-nos, esta republiqueta, o que fazer em casos
tais. Afinal, foram donos do mundo.
Num esforço de alargar o pensamento,
reflito. Deve ser, também, por outro lado, que chegaram naquele estágio em que
a imprensa pode opinar sem abrir mão da credibilidade na informação. But, (mas),
dizer a uma nação o que fazer... E a nossa soberania, como é que fica?
Vamos ouvir os suseranos, estamos mesmo
desnorteados. Dizem os editores da revista britânica que Dilma, agora,
despiu-se das vestes de credibilidade (forma elegante), ou jogou fora a
credibilidade que portava (popular elegante). Isso porque em 16 de março Ms
Rousseff tomou a extraordinária decisão de nomear seu predecessor, Luiz Inácio
Lula da Silva, como seu chefe de gabinete/ministro de estado.
The Economist explica
a extraordinariedade da decisão presidencial:
But just days before, Lula had been briefly detained for questioning at the order of Sérgio Moro, the federal judge in charge of the Petrobras investigation (dubbed lava jato, or “car wash”), who suspects that the former president profited from the bribery scheme (see Bello). Prosecutors in the state of São Paulo have accused Lula of hiding his ownership of a beach-front condominium. He denies these charges. By acquiring the rank of a government minister, Lula would have partial immunity: only the country’s supreme court could try him. In the event, a judge on the court has suspended his appointment.
Mas apenas alguns dias antes, Lula já havia sido detido para interrogatório por ordem de Sérgio Moro, o juiz federal encarregado da investigação envolvendo a Petrobrás (apelidada de Lava a Jato), suspeita-se que o ex-presidente tenha lucrado com a corrupção do regime (ver Bello). Os promotores do estado de São Paulo acusaram Lula de esconder a propriedade de um condomínio em frente à praia. Ele nega essas acusações.Ao adquirir o status de ministro do governo, Lula teria imunidade parcial: somente o supremo tribunal do país poderia julgá-lo. No caso, um juiz do tribunal suspendeu a sua nomeação.
But Ms Rousseff’s hiring of Lula looks like a crass attempt to thwart the course of justice. Even if that was not her intention, it would be its effect. This was the moment when the president chose the narrow interests of her political tribe over the rule of law. She has thus rendered herself unfit to remain president.
Mas contratação de Lula por Rousseff parece uma tentativa grosseira de obstrução da justiça. Mesmo que não fosse a intenção, seria esse o efeito. Este foi o momento em que a presidente escolheu os interesses estreitos de sua tribo política sobre o Estado de Direito. Ela tornou-se, assim, imprópria, incapacitada a permanecer presidente.
Three ways to leave the Planalto
There are three ways of removing Ms Rousseff that rest on more legitimate foundations. The first would be to show that she obstructed the Petrobras investigation. Allegations by a PT senator that she did so may now form the basis of a second impeachment motion, but they are so far unproven and she denies them; Ms Rousseff’s attempt to shield Lula from prosecution may provide further grounds.
A second option would be a decision by Brazil’s electoral court to call a new presidential election. It may do that, if it finds that her re-election campaign in 2014 was financed with bribes channelled through Petrobras executives. But this investigation will be drawn out.
The quickest and best way for Ms Rousseff to leave the Planalto would be for her to resign before being pushed out.
Três maneiras de deixar o Planalto
Há três maneiras de remover Rousseff em bases mais legítimas [que o impeachment pelas pedaladas fiscais]. A primeira seria a de mostrar que teria obstruído a investigação da Petrobrás. As alegações de um senador PT de que ela o fez podem formar a base de uma segunda moção de impeachment, mas não foram até agora comprovadas e a presidente nega; a tentativa de Rousseff para proteger Lula da acusação pode constituir motivo.
Uma segunda opção seria uma decisão pelo tribunal eleitoral do Brasil de convocar uma nova eleição presidencial. Poderá fazê-lo se comprovar que sua campanha de reeleição em 2014 foi financiado com subornos canalizados por meio de executivos da Petrobras. Mas esta investigação será longa.
A maneira mais rápida e melhor para Dilma de deixar o Planalto seria a renúncia antes de ser empurrada para fora. (Tradução nossa)
Precisamos avisar o The
Economist que esta última alternativa está descartada, conforme disse ontem a
presidente à nação: “Jamais renunciarei”. E conforme ainda, disse o ex-ministro
Antônio Delfim Neto ontem à noite em rede de televisão, algo como,” pelo perfil
dela, jamais o fará”.
Anyway (de qualquer modo), com esta
retificação, recomenda-se vivamente a leitura da íntegra do artigo http://www.economist.com/news/leaders/21695391-tarnished-president-should-now-resign-time-go, que
entre outras coisas, diz, Sadly, Mr Temer’s party is as deeply enmeshed
in the Petrobras scandal as the PT (Infelizmente, o partido do Sr.
Temer é tão profundamente enredado no escândalo Petrobras quanto o PT).
Dear readers, I mean (digo),
queridos leitores, até a próxima.
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