terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Advogados são maltratados em todo lugar

Há uma frase jocosa em inglês que circula em carros de gente que fala inglês: good girls go to heaven, bad girls go to everywhere (boas garotas vão para o céu, garotas más vão a qualquer parte). Ou seja o mundo é das malvadinhas, vão a todos os lugares. Mas o assunto não é esse, lembrei da frase ao fazer um trocadilho, que pensei hoje ao presenciar uma cena no nosso TJMG: advogados são maltratados em todo lugar. Estou mentindo?

Fui hoje ao TJ da Rua Goiás. No balcão da recepção de cara na entrada, as moças de boa aparência sempre emburradas. E assim, emburradas, atendem os advogados, como se fizessem um favor. Para entrar no prédio, se não tens o crachá (passaporte de catraca), tens que pegar um adesivo de visitante e tacar na roupa. Senão, nada feito, não passa.

Fui ontem ao TJ da Av. Raja Gabaglia. Idem. Estão as moças sempre de péssimo humor, no seu uniforme da empresa terceirizada.

Fui hoje ao Anexo do TJ da Goiás, lá onde ficam os desembargadores e seus assessores. Também lá as moças estão de má vontade. Olham-nos como se atrapalhássemos o serviço delas, de simplesmente estar ali. A cara de poucos amigos deve fazer parte do script de manter os advogados afastados dos gabinetes dos magistrados.

Para completar o clima nada amistoso, havia hoje duas tropas de choque da polícia guardando as duas entradas do tribunal. Uniformes de camuflagem e escudos transparentes. Uma coisa, aquele clima de guerra civil. À frente das tropas duas faixas de um sindicato de servidores reclamando contra possível aumento dos magistrados. Luta de classes, diria Marx. 


Meninos eu vi

 
Mas não somos daqueles que se impressionam com tais coisas. Estamos habituados a abrir caminhos e topar com toda sorte de obstáculos. Mas hoje, depois de lidar com a moça da recepção do anexo naquela má vontade lenta, presenciei uma cena que precisa ser relatada neste espaço cibernético. À minha frente uma advogada paulistana chegou cedo para a sessão de julgamento, ia sustentar, explicou às moças.  Seguiu-se o seguinte diálogo:

- Num vai poder não, não tá podendo entrar antes de uma hora.  
- Mas nem na sala da OAB, estou cheia de sacolas. Onde é que posso tomar um sorvete? 
- Aí na rua tem.

Esta, senhores, foi a recepção dispensada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais à advogada que despencou do seu estado para sustentar nas nossas câmaras. Isso quando não são destratados os advogados  na própria sessão de julgamento, já vi e já narrei neste Blog, com pesar. 

Tsc, tsc, tsc. Faltou treinamento e seleção.

A recepção correta a um advogado de qualquer estado da federação, seria:

Boa tarde, doutor(a). Seja bem vindo (a). Em que posso ajudar? Três frases simples, acompanhadas de um sorriso e boas maneiras.

Do fundo da redação, soa uma voz: e você pensa que está onde, na Suíça?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O dia a dia de uma advogada, críticas e elogios aos juízes, notícias, vídeos e fotos do cotidiano forense

Persistência contra jurisprudência majoritária

E nquanto a nossa mais alta corte de justiça, digo, um dos seus integrantes, é tema no Congresso americano lida-se por aqui com as esferas h...