sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Filiação, guarda e inseminação artificial - Admirável Mundo Novo


Uma decisão da Justiça do Paraná, publicada na semana passada, determinou que as irmãs trigêmeas que foram retiradas dos pais no início do ano, em Curitiba, continuem sob a guarda provisória dos tios.
As meninas, nascidas em janeiro, foram acolhidas em um abrigo por determinação judicial após os pais manifestarem vontade de entregar uma delas para adoção.
O casal, que fez inseminação artificial, pretendia ter apenas dois filhos.
Após o nascimento dos bebês, eles confirmaram à Vara da Infância e Juventude o desejo de renunciar a uma das crianças. A Justiça, porém, entendeu que o casal não tinha "condições de paternidade e maternidade" e retirou as três de casa, cerca de um mês após o nascimento.
O casal afirma que está arrependido e entrou com uma série de recursos para tentar reaver as meninas.
Em abril, os tios conseguiram a guarda provisória dos bebês, que agora recebem visitas constantes dos pais. Segundo a recente decisão do Tribunal de Justiça, os tios "vêm exercendo o encargo de maneira satisfatória".
Em julho, os pais chegaram a perder o poder familiar sobre uma das crianças (a que havia sido destinada à adoção), mas o casal recorreu e conseguiu reverter a decisão.
A defesa argumentou que o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê a possibilidade de os pais se retratarem até a data da publicação da sentença que sacramenta a adoção.
O desembargador Ruy Muggiati, que assina o despacho, diz que "resta inconteste o arrependimento" dos pais, que "por diversas vezes externaram a vontade de ficar com a criança", e lembra que "o poder familiar é irrenunciável".
O despacho ainda menciona que a colocação da criança em família substituta (ou seja, a adoção) é "medida excepcional", e que os pais manifestaram arrependimento dentro dos prazos legais.
O casal continua recorrendo para conseguir reaver a guarda das crianças.
O caso corre em segredo de Justiça -fato pelo qual nem os pais nem seus advogados falam com a imprensa. (Fonte: Folha de São Paulo, 21/9/11).

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