No dia 24 de junho próximo passado o Professor João Baptista Villela, Professor Emérito da Faculdade de Direito da UFMG, completou 80 anos. Seus méritos acadêmicos são indiscutíveis e reconhecidos internacionalmente, mas há algo mais neste professor que faz com que seus ex e sempre alunos não se separem dele. Volta e meia lá estamos ao pé dele em sua casa; a cultivar uma relação que se transformou ao longo do tempo mas guarda a semente da admiração e do reconhecimento das suas qualidades de professor e ser humano raro. Para falar do inefável só a poesia. É o que se segue, de um também ex-aluno.
Alma
sobranceira
Ave mineira, voa sobranceira, dos vales à cimeira, como sói ocorrer, da liberdade companheira. Vai com compromisso, firmamento bordado de cinco estrelas, distinguindo, em voos altos e rasos, encantos e procelas. Asas amplas e fortes, pulmões de sustento. Dominante dos céus, imponente na terra. Causa e efeito, alma predominante de ferro por conceito.
A história, no
eterno delinear, reconheceu a seu revolutear o caráter do “Leviathan do
espaço”, pedindo, humildemente, sua força alada. Pássaro que soube, a todo
tempo, ver, sentir e relatar, o martírio e a tragédia de que é feito o porvir
de uma gente que ainda não se fez suficiente. Reconhece, por testemunho e
antecipação, o que corre e ofende horrendamente por essas terras.
O cachorro chega em rodeios e revela aquele que em
todos os malfeitos tem culpa e parcela. A ave mineira, responsiva, corta e
encerra: não há, em meu peito, espaço para duas almas. Natureza de labor e
estudo ensinou entre o bem e o mal distinguir, para a virtude verdadeira subsistir.
Arbítrio, para eleger o que fazer e ser feliz. Escolha que não conhece
revogação ou languidez. Astro, claro do luar, síntese de um raio, alumbramento
que a vida espanta e congela, espírito que encarna em aqueles que são, para a
embarcação das gerações, timoneiro e vela, brilho que tocou João Baptista
Villela.