terça-feira, 29 de setembro de 2015

Rios de dinheiro

É o que ganham bancos e operadoras de telefonia para fornecer serviços de segunda, às vezes, quinta categoria. No Brasil, esteja claro. Pensemos sobre isso, caro leitor.

Se acontece do consumidor cair vala comum do populacho, aí então, é bom se preparar, o descaso tem requintes de maldade. Vide o atendimento via telefone por funcionários tão bem despreparados, isso depois de conversar com o atendente virtual, uma máquina.

Enquanto na sala vip (very important person), nada te acontece entre um capuccino e um petit four (pequeno biscoito amanteigado) e um abraço carinhoso da gerente. Assim os juros abusivos doem menos. Vá ali do lado, na ala popular para ver o que acontece.

Aconteceu que na ala popular de um grande banco brasileiro, o maior do país, começou um débito automático não autorizado a favor de um gigante da telefonia na conta poupança de um menor de idade.

Começou e foi de vento em popa até ser descoberto. Uma vez descoberto e avisado o banco começou a lenga-lenga de "vamos investigar em 7 dias". Sete, quatorze, vinte e um dias e nada. 

Uma medida importante quando o banco não te dá a mínima é reclamar no site de sugestivo nome Reclame Aqui. Efeito imediato. Useiro e vezeiro em ferir direitos dos consumidores o grande banco já tem funcionários on line de vigia para atalhar a tempo os insatisfeitos.

Outra medida importante para apressar o retorno do banco é divulgar no Tweeter. Realmente impressionante. Isto porque o banco tem também on line, tuitando, outros tantos funcionários, simpáticos e educados que tentam convencer os revoltados a tentar isto e aquilo.

Quando o cliente chega ao Reclame Aqui já está irado e não quer mais conversa.

Depois de ultrapassados os atendentes por telefone, o Reclame Aqui e a devida divulgação no Tweeter é hora, e só então, de recorrer à máquina judicial.

Ser advogado nestas horas é uma mão na roda. A gerente já te forneceu toda a prova no extrato detalhado. Hora de redigir a inicial expurgando a raiva, digo, toda nota de emoção e concentrar nos fatos e direito lesado. Uma ou outra ironia escapa nestas horas, quem nunca?

E como a estas alturas os advogados já estão habilitados a transitar pela web entre uma plataforma e outra, de Projudi a PJe, o da primeira e o da segunda instância, mais o da Justiça Federal, de primeira, o da segunda, o dos tribunais superiores, em suma, cada um é cada um. Cada tipo de justiça e tribunal tem um meio eletrônico diferente para acesso e peticionamento. Vejam o que se exige hoje dos advogados. Digitalizem-se ou serão devorados.

No caso a ação de indenização por dano material e moral é de competência do Juizado Cível Especial das Relações de Consumo, que atende pelo antigo Projudi, onde tudo começou.

A boa notícia é que a ação pode ser distribuída a qualquer hora da noite ou do dia. Incontinenti à distribuição, a audiência de conciliação já é designada para daqui a dois meses. Dois dias depois os réus já estarão citados (on line), e intimados da audiência. 

Claro, useiros e vezeiros, prestando serviços de quinta, são clientes habituais do Juizado e têm cadeira cativa de réus.

Outra boa notícia é que, (superados e inócuos os meios administrativos), a movimentação da máquina dará serviço a outros advogados, que comparecerão com suas defesas padrão e manterão seus empregos nesta crise.

Rios de dinheiro, bancos, telefonia, serviços de quinta, pense nisso. E Reclame Já!

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