domingo, 11 de maio de 2014

Civilidade. Eles não sabem o que é isso

Há uma diferença entre aqueles que são advogados e aqueles que estão advogados. Aqueles que introjetam o Direito na sua persona e aqueles que meramente exercem os atos da advocacia. Não é questão de escolha, cada um é o que é. Ser ou não ser, etc., etc.

Ter noção e viver o Direito leva a pessoa a reagir de forma diferente diante dos eventos mais banais. Daí a má fama de briguentos dos advogados. Nada disso, já dissemos alhures neste blog. A questão é de consciência da civilidade e da importância fundamental do seu exercício. Nos parece tão óbvio e consequente, mas não o é para muitos. Daí a fama equivocada de "salvadores do mundo, dos fracos e oprimidos."


Aconteceu que no fim da tarde de sábado alguém resolveu promover um festejo em sua mansão e resolveu compartilhar com todo o bairro seu gosto musical, e tome música sertaneja e depois de uma hora de tortura, veio a cereja do bolo, rock pauleira. Depois de algumas horas de invasão, a paciência vai para o brejo e saímos de carro à procura do folgado, digo do local origem da poluição sonora. A casa era longe, lá no alto, luzes piscando e tudo o mais, festão.

Preclara vizinha, seu barulho está demais, incomoda meu sossego lá longe. Acreditava a dona piamente que às 20:00h poderia incomodar todo o bairro. Não pode, minha senhora. 

Esta é uma crença muito disseminada por aqui, acreditam os poluidores que antes das 22:00h podem tudo. Não podem. Já vi bacharelas em Direito em salto 15 afirmarem isso em churrasco de formatura enquanto infernizavam todo um bairro com música em volume máximo.

E temos Constituição Federal, Código Civil e Lei Municipal para o caso. Mas falta-nos civilidade. A proprietária da mansão também no seu salto 15. Será coincidência? Salto 15, saia curta, cabelo alisado e platinado, zero de civilidade, muita coincidência. O tipo da música também coincide. Impressionante. 

Falamos pelo vidro, não quis abrir o portão, amedrontada. Não sabemos por que exatamente se fomos cordiais, informamos nome completo, endereço, profissão. Certamente receava pelas vias de fato. Logo nós, que nesta semana mesmo impedimos um cliente de descer a mão, como ameaçou e ia cumprir, na moça do caixa do supermercado. Uma emoção e tanto.

Enfim, a proprietária se sentiu injustiçada pela nossa presença, seriamente tolhida no seu direito de infernizar o sossego alheio antes das dez da noite, e lançou a cartada final, tentando cooptar-nos à barulheira: "quero ver quando for vc a dar uma festa." Nessa altura? Caríssima, jamais faríamos isso. Isso é falta de civilidade e educação com os vizinhos. A terceira frase já num tom peremptório. Como o sonzão continuou a correr solto, foi cumprido o aviso de chamar a polícia. O 190 funcionou hoje. Bravo! 

Quando for desvestir ou descalçar o Mark Jacobs ou Michael Kors (estilistas americanos), ou coisa que o valha, após a festança , pensará, civi...,  o que mesmo? Talvez não haja um dicionário por perto. É mesmo uma palavra difícil, esquecida e em desuso.


         

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O dia a dia de uma advogada, críticas e elogios aos juízes, notícias, vídeos e fotos do cotidiano forense

Persistência contra jurisprudência majoritária

E nquanto a nossa mais alta corte de justiça, digo, um dos seus integrantes, é tema no Congresso americano lida-se por aqui com as esferas h...