quarta-feira, 28 de maio de 2014

Agora o calo é coletivo

Caros leitores, nada como um calo que se torna coletivo para aproximar a classe e torná-la unida. Dizia Machado que "os problemas dos outros pesam-nos tanto quanto um fio de cabelo", a forma culta do equivalente "pimenta nos olhos dos outros é refresco".

O que será? - perguntarão curiosos leitores. É que caiu a última cidadela de direitos civis, ou serão benesses, eis que foram retiradas? Os advogados trabalhistas que militam naquela chamada justiça federal foram acachapados como a massa dos advogados da justiça chamada comum. E não estão calados com esse estado de coisas. A grita é geral.  

Como não estão acostumados a sofrer como nós, estão no momento jus esperneandi. O Blog abre espaço para carta aberta à nação recebida hoje por e-mail de combativo advogado. Fala, dr. Sílvio:

Assunto: PROVIMENTO CSJT/TST 2/14 - VEDAÇÃO DO RECESSO.
 Amigos, colegas, clientes.
 Peço desculpa aos que não são advogados mas o assunto é urgente e temos que divulgá-lo.
O Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro JOÃO BATISTA BRITO PEREIRA, Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho, pelo provimento em referência, vedou aos TRTs a fixação ou prorrogação do recesso forense, acabando com nossa esperança de manter a unificação de recessos entre os diversos órgãos do Judiciário e assim poder organizar o descanso dos advogados que trabalham sozinhos, pequenos escritórios, etc.
Foi melhor assim. Chega de pedir todos os anos como se fosse um favor.
Não é a Constituição uma mera folha de papel, nem um ideal, e seu fundamento de dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho é um comando, não uma poesia.
Mas precisamos nos mobilizar.
Nós, advogados brasileiros, somos 750 mil, dos quais boa parcela atua na Justiça do Trabalho. Até o malfadado provimento, aquela especializada, por sua sensibilidade com a dignidade e o valor do trabalho, reconhecia a necessidade de estender sua pausas administrativas para todos nós, advogados militantes, operários do direito.
Fico triste por todos os colegas, mas em especial pelas advogadas, especialmente as casadas, com filhos, que se desdobram entre os deveres afetivos de esposa, mãe e os prazos e compromissos processuais. E as esposas, esposos, filhos e filhas... Eu sei o que é não ver os filhos crescerem.
Agora acabou: Até a Justiça do Trabalho nos fecha as portas para o descanso, descanso subtraído por um equivoco do passado. E se alguém ganhou com o fim das férias forenses não fui eu, nem meus colegas militantes, nem os jurisdicionados. O descanso nos foi tomado sem que os jurisdicionados fossem beneficiados, porque o aumento de dias anuais no expediente não foi acompanhado de mais magistrados, serventuários, equipamentos e órgãos jurisdicionais.
 Mas não adianta lamentar. É hora de união, somos todos OAB e AMAT, temos que arrancar outra Emenda Constitucional que nos devolva as férias e, de resto, traga tratamento igualitário para todos os trabalhadores. Ou todos têm férias de meses ou ninguém. Chega!
Os magistrados continuam com meses de descanso (como nos jogou na cara um desembargador do TJMG recentemente, não são "só" 60 dias) e nós, nada, nada.
Somos 750 mil: Vamos à luta! Vamos procurar nossos representantes!
Vamos acionar nossos congressistas! Vamos procurar alguém que advogue nossa causa justa!
É o que penso, sinceramente.

 Sílvio de Magalhães Carvalho Júnior 

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