quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Olhos de ver, ouvidos de ouvir

O ano forense no Supremo Tribunal Federal começou ontem com direito a fotografia estampada nos jornais. O Procurador Geral da República ignorando o presidente da Câmara dos Deputados, investigado pela operação Lava Jato. Janot discursou em defesa da Lava jato. 

Nos mesmos jornais a OMS declarou emergência global pelo aumento dos casos de microcefalia e da relação deles com o zika vírus, no Brasil. O ministro chefe da Casa Civil declarou que o governo está perplexo. 

Perplexos, estamos nós.

Como estão alguns clientes com a morosidade do processo no Brasil, e com a inacreditável instituição do precatório para recebimento de valores devidos pelo Estado ao longo e ao cabo de muitos anos.

Outros estão perplexos com a falta de juiz em vara de família, o titular em substituição no tribunal, o juiz substituto saindo de férias. E agora? Haverá decerto outro substituto que virá de quando em quando para assinar urgências. E receber advogado para despachar? Aí, doutora, é só com ele ...

Na mais recente tentativa, depois de três infrutíferas (já foi, já saiu, não veio hoje), tivemos o alvissareiro  não chegou ainda, pode esperar na porta da sala. Meia hora, nada, a sala de audiências escura, o corredor interno também, a advogada de atalaia (sentinela), vigiando. Eis que, abre-se a porta, era ele, já havia chegado e a servidora da vara não sabia. Mas estava de saída, apressado, audiência com réu preso na vara criminal.

Como? Não era juiz de família? Estranham, perplexos, os clientes. Juiz substituto substitui. Pareceu aborrecido além de apressado pelo réu preso, pela informação equivocada da funcionária, pela advogada de plantão na porta querendo despachar liminar de alimentos. Explicou-se sem muito cuidado, a pressão faz estas coisas. Advogados compreendem bem, lidam com pressão todos os dias, militam sob pressão. Nenhum problema, melhor conversar com a assessora, que, sem ter que ouvir réu preso na vara criminal, ouviu de bom grado as razões e o motivo da presença no gabinete.

Olhos de ver, ouvidos de ouvir, fazem toda a diferença.

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