quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Suprema Corte dos EUA julga caso contra cota em universidade

     A Suprema Corte dos EUA vai julgar o caso de uma americana que teria sido rejeitada pela Universidade do Texas por ser branca. Abigail Fisher moveu uma ação em 2008 alegando que o sistema de cotas utilizado pelo Texas utiliza a cor como fator significativo, embora não explícito. Autoridades texanas alegam que o sistema é necessário para garantir número mínimo de alunos das minorias. As audiências começarão em outubro e não há previsão para a decisão.
     Com a admissão para julgamento da causa pela Suprema Corte é retomada a polêmica em torno das ações afirmativas. Em 2003 decisão da Suprema Corte permitiu às universidades considerar a cor dos candidatos para garantir a diversidade acadêmica. (Fonte: Folha de SP, 22/02/2012).

Comentário do Blog:
Está visto que na terra de Obama os processos também demoram, não é privilégio nosso. Mesmo com quatro anos para chegar à corte suprema, ainda estão na nossa frente em matéria de celeridade.

O outro ponto é nitroglicerina pura. O sistema de cotas é polêmico lá e cá. E para colocar lenha na fogueira, a seguir transcrito trecho de entrevista do Professor João Baptista Villela, jurista brasileiro de escol, sobre o ensino (jurídico) no Brasil e o acesso à universidade, concedida em 2009 ao Prof. Giordano Bruno, no blog Magistério Jurídico (magisteriojuridico.blogspot.com):
" 'O ensino brasileiro vai de mal a pior. Nunca o vi tão decadente em toda a minha vida'.
1. Como o senhor percebe a qualidade do ensino jurídico brasileiro na atualidade?

Muito mal. O ensino brasileiro vai de mal a pior. Nunca o vi tão decadente em toda a minha vida. Eu tenho aí algo como quase 50 anos de magistério jurídico, acho que o ensino jurídico no Brasil vai muito mal, a grande maioria dos professores não sabem, não preparam, não têm amor ao magistério e, mutatis mutandis, pode-se dizer o mesmo dos alunos. Os alunos são, em grande maioria, despreparados e não dão à atividade discente o que ela cobra. Ninguém aprende por osmose, ninguém aprende sem um pesado investimento de esforço, e eu não vejo esforço por parte dos discentes – estou falando em termos gerais – não vejo esforço por parte dos docentes e não vejo interesse da sociedade. A nossa sociedade hoje se move por valores marcados por tudo, menos pela cultura. É uma sociedade preordenada ao obscurantismo.

2. Se o senhor fosse ministro da educação, e tivesse ampla liberdade de atuação, que medidas implementaria para melhorar a qualidade do ensino jurídico no Brasil?

Reduziria a um décimo, pelo menos a um décimo, o número de estabelecimentos de ensino existentes no Brasil. Significa que eu cortaria 90 %. Mandaria fechar. E se eu não fosse ministro do Brasil, mas de Cuba, mandaria essas pessoas que estão lá plantar cana. Seria muito mais produtivo para a sociedade. Investiria pesado nas que remanescessem, melhorando as instalações, as condições de uso, melhorando as bibliotecas, melhorando a remuneração e concedendo bolsas para os alunos que não pudessem pagar. Em nenhuma hipótese eu dispensaria o talento e o esforço dos alunos. A Universidade é um segmento para os bem dotados. Ninguém precisa ter um curso universitário para ser feliz, para ter o essencial da vida. É preciso também acabar com essa ilusão de que não há caminho para o bem estar que não passe pela Universidade. Há, perfeitamente, e todos têm direto ao bem estar, todos têm direito à felicidade. Agora, a Universidade é uma instância de serviço e, como os recursos em qualquer caso são limitados, para esse serviço devem ir as pessoas que estão em melhores condições de o prestar ou retornar os investimentos à sociedade."

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