Para aqueles que pensaram que sairiam ilesos para o feriado na próxima segunda-feira, tenho que desapontá-los, aqui vai a postagem de sexta-feira, no caso, advocatícia e literária. Seria apenas literária, mas no fim da tarde a pauta foi modificada.
E por qual motivo? - refletirão serenos os leitores, a esta hora da noite em seus respectivos lares.
O motivo é o de sempre, as vicissitudes da nobilíssima profissão de advogado. Como se sabe o Direito permeia tudo. Em uma volta apenas pelo quarteirão é possível deparar com um transeunte em acalorada discussão ao celular sobre direitos. Aconteceu hoje, após atender um cliente também pelo telefone, afinal estamos em isolamento social. Nada de aglomerações.
Acompanhe-me, caro leitor, neste raciocínio: se o Direito tudo permeia e a todos envolve; sendo o advogado aquele que leva as questões ao Judiciário; logo, à função do advogado, (reconhecida pela Constituição Federal com imprescindível), deve ser dispensada tratamento condigno à importância da função, verdadeiramente social.
Se assim é, por quais cargas d'água não recebem os advogados tratamento condigno nas portarias do fórum em tempos de COVID-19? Tenho algumas hipóteses: os funcionários da portaria não conhecem a Constituição, é bem possível; não foram bem treinados, também é possível; desconhecem totalmente o que faz um advogado, acredito piamente nesta terceira.
Aconteceu que em tempos de pandemia, seguindo a cartilha do Tribunal para virtualização de processos físicos, fui intimada da decisão por e-mail e intimada a comparecer à vara no dia tal, às tantas horas, que no caso, foi hoje, sexta-feira, no início da tarde, e retirar os autos.
Levei a decisão do juiz já prevendo problemas, mas fiz pouco, deveria haver levado também o e-mail, eis que, fui barrada. Advogados não gostam nada disto. Ainda mais com uma decisão em mãos, que na portaria nada vale, assim como a palavra do advogado. É o que posso concluir de tudo o que sucedeu hoje no início da tarde. E de forma, digamos assim, não muito cordial.
Devo dizer que liguei para a vara, mas a questão não foi resolvida, problemas de comunicação. É que faltou a palavra mágica que abre todas as portarias, agendamento. No e-mail que recebi havia comparecimento, nada de agendamento.
Dei meia-volta, ao checar o e-mail, de fato, estava a hora, o dia e a intimação de comparecimento. Liguei para a vara novamente. Eu estava de fato agendada, embora não houvesse sido intimada deste agendamento.
Terminologia, comunicação e tratamento dispensado aos advogados, é o resumo da tarde, que não acabou.
É claro que voltei ao fórum, desta vez com o e-mail impresso e com a senha agendamento, e com a garantia da Secretaria que seria recebida, afinal me aguardavam às 13 horas e não apareci.
Soube de fonte fidedigna que vários advogados entraram sem problemas no correr da tarde, sei lá eu a esta altura se agendados ou não agendados. Tenho teoria própria sobre afrouxamento de regras no fim do expediente.
Munida da palavra exata, o tratamento mudou deveras, devo dizer. Mas o estrago já estava feito e a pauta do dia definida.
Nada é perdido, é o que sempre digo. Estes momentos na portaria tentando entrar no fórum propiciaram-me a experiência de ouvir uma advogada agendada pronunciar a palavra tóchico. Impressionante. Deve ser algum tipo de rapport com a clientela ou com a portaria.
Vou encerrar, para alívio de um leitor não-advogado que queixou-se, certa vez, de textos grandes.
Encerro em grande estilo, vejam só o que setembro trará: Nélida Piñon em live.
C'est tout!
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