Aos inimigos, a lei

Admito a cópia deslavada do título de site independente. É que não há melhor neste momento. Adiro, portanto. 

O site referia-se à diferença de tratamento legal aos governadores de dois estados da Federação. Ambos envolvidos em operações da Polícia Federal que investiga crime de peculato na compra de respiradores pelas respectivas Secretarias de Saúde.

De fato, os inimigos do rei receberam os rigores da lei. Já os, como direi, agregados, companheiros, correligionários da frente ampliada governista receberam tratamento amenizado para o mesmíssimo fato. Afinal, estamos no Brasil, onde grassa esta antidemocrática prática.

Diz a Lei Maior que todos são iguais perante a lei. Desde o gênio George Orwell sabemos que há (onde não há democracia), uns mais iguais que outros. (Animal Farm, 1945, A Revoluçao dos Bichos, no Brasil).

O título não se refere aqui (nesta página) à falta de isonomia entre os governadores do Rio de Janeiro, afastado do cargo e o governador do Pará, firme no cargo e em solenidade de inauguração de parque com o presidente.

O outro site debruçou-se sobre o tema. Aqui refere-se à decisao do ministro Marco Aurélio de impedir o depoimento pessoal do presidente da República em inquérito da Polícia Federal no qual é, não testemunha ou vítima, mas acusado.

É inadmissível, mas é verdade. Pedir para não depor oralmente. E conseguir.

É fato que não se sairia bem em nenhuma das versões, nem escrita, nem falada. Seria mesmo torturante para o delegado, para os  jornalistas, enfim, para a nação, ouvi-lo. Ainda mais neste alto grau de temperatura e pressão.

Como se vê, mesmo uma decisão que se considera negativa (da democracia), possui um aspecto positivo.

Puxando brasa para a nossa sardinha, mesmo uma decisão judicial negativa toca outros pontos da teia que não estão no processo. Fora do processo há vida e um mundo. É fascinante se dar conta desta movimentação e das consequências positivas de uma decisao negativa. Procurando, acha-se. Como na Chácara do Chico Bolacha, poema de Cecília Meireles.

E pensaram os eméritos leitores que se livrariam da sexta-literária. Não desta vez. Conforme antes avisado, a sexta literária saiu no sábado.

Na volta ao tema, e para concluir, Nixon renunciou por muito menos. 

Enquanto isso, o site do STJ permanece azul e plácido.