Então, meu povo, digo, meus bravos, ontem enquanto subia a ladeira para as varas cíveis, na chuva, pensava no seguinte: não era para tanto o alarme dos comentaristas políticos sobre a fatídica terça-feira quado o Congresso derrubou 18 dos 33 vetos do presidente à Lei de Abuso de Autoridade (a própria Lei é um arrematado abuso), enfim.
Afinal, o controle de constitucionalidade das leis está aí para isso mesmo.
Imediatamente, nove associações de procuradores, promotores e juízes divulgaram em carta que irão ao STF contra a derrubada. Medida legal, há. É que os comentaristas não cursaram Direito e não atinaram, no calor da emoção, que haveria um remédio jurídico para o mau passo.
Curiosamente, no mesmo dia recebi mensagem encaminhada na qual um cidadão de sobrenome estrangeiro aconselha os jovens a não estudar Direito e a sair do país. O motivo: "o Brasil tornou-se um país insalubre, um paraíso do crime com criminosos no comando das instituições".
Mau conselho. Trata-se, exatamente do contrário. Por estarmos em pleno lodaçal é que devem os jovens estudar Direito para saber que o conteúdo da lei deve ser lícito e que há meios processuais de revogar tais desmandos. E nada de abandonar o barco, digo, o país.
Ignorância, insensatez ou má intenção nesta mensagem que tem circulado nos grupos de WhatsApp?E os incautos de boa fé tem replicado a "pérola" nefasta, como a dizer, sim, nosso país está péssimo, estamos desiludidos, e etc..
Nada de vitimismo, não aqui. Se o cibernético leitor houve por mal receber tal mensagem, passo os subsídios com os quais respondi incontinenti: não somos covardes, um filho seu não foge à luta, estudem Direito, exerçam atividade política, lembrem-se do célebre discurso de John Kennedy:
E, at, last, but note the least*: o grito de Caxias na Batalha de Itororó: "Sigam-me aqueles que forem brasileiros!"
A mídia da época:
“Passou pela nossa frente, animado, erecto no cavalo, o boné de capa branca com tapanuca, de pala levantada e presa ao queixo pelo jugular, a espada curva, desembainhada, empunhada com vigor e presa pelo fiador de ouro, o velho general em chefe, que parecia ter recuperado a energia e o fogo dos cinte anos.Estava realmente belo. Perfilâmo-nos como se uma centelha elétrica tivesse passado por todos nós. Apertavámos o punho das espadas, ouvia-se um murmúrio de bravos ao grande marechal. O batalhão mexia-se agitado e atraído pelo nobre figura, que abaixou a espada em ligeira saudação a seus soldados.
O comandante deu a voz firme. Daí há pouco, o maior dos nossos generais arrojava-se impávido sobre a ponte, acompanhado dos batalhões galvanizados pela irradiação da sua glória. Houve quem visse moribundos, quando ele passou, erguerem-se brandindo espadas ou carabinas, para caírem mortos adiante”
Passada a ponte, Caxias comanda pessoalmente a carga final e se apodera da posição. https://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-do-brasil/batalha-de-itororo
A semana em que os brios patrióticos foram mais uma vez desafiados encerrou-se, quase, com um fecho, não posso dizer de ouro, talvez um fecho patético. Janot, ex PGR, veio a público dizer que pensou em matar o ministro Gilmar Mendes e suicidar-se em seguida. Foi armado ao STF. Impressionante.
Não me atrevi a ouvir o áudio ainda, até porque pelo noticiário há espancamento da língua pátria. Vai doer os ouvidos duas vezes. Quiçá, ouvirei.
Como se vê, não há limites para a variedade e intensidade do noticiário político, jurídico e criminal do país. Nós, os brasileiros, não temos sido poupados dos detalhes sórdidos.
Hora de fazer o contraponto entre os exemplos que temos à disposição.
* Por último, mas não menos importante.
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