As impressões da tarde ainda estão frescas. Saí do plenário às 20:00h da terça-feira, véspera de feriado. Para quem chegou às 13:30h, é de se
concluir que foi intenso o aprendizado. De fato, aprende-se sempre.
De
umas 35 ou 40 sustentações orais só tive gosto de ouvir duas. Feitas, é claro,
por dois dos mais tarimbados advogados da praça de Belo Horizonte. E só
ocorreram por volta das 18:00h.
Até
este momento advogados se revezaram na tribuna repetindo os parabéns ao
desembargador presidente que aniversariava na data. A cartilha minimalista
despreza esta atitude, julga que não é hora nem lugar. Soa over e algo bajulador, portanto, sem lugar no prontuário de
advogados republicanos.
Nunca
antes havia visto tamanha concorrência numa sessão naquela câmara, advogados
saíam pela porta sem lugar no plenário. Enregelados pelo ar condicionado no
mais mínimo grau, não arredavam pé. A quem interessar possa, a temperatura dos
plenários pode ser temperada a um pedido no ramal *4721, na unidade Raja
Gabaglia, que fique claro.
Os
plenários do Palácio da Justiça no centro da cidade não precisam disso, o
prédio pertence a um período majestoso da arquitetura, pé direito alto,
abóbadas, vãos, mármores, ventilação natural, nada comparável aos caixotes,
digo, à moderníssima arquitetura que requer potentes condicionadores de ar que
enregelam os advogados e causam-lhes severos problemas respiratórios.
Quem
procura, acha, e quem tem boca consegue temperatura digna para suportar horas
de espera. Foi o que fiz. A preciosa informação do ramal *4721 foi obtida junto
a um oficial secretário.
Muitos
copinhos de café depois, (como os advogados reclamam, que não tem adoçante
hoje, que só tem copinhos descartáveis, podia ser uma xícara decente, etc.,
etc.), a atenção volta-se para os advogados que acompanham a sessão. Mais
homens que mulheres, fato. É curioso observar o que prende a atenção das
pessoas.
Hoje por exemplo, vi o semblante da assembleia de advogados transmudar
quando a jovem advogada de enormes cabelos louros e calça fly declarou que advogava em causa própria, ou seja, era parte de
um contrato de milhões de reais. Vi olhos arregalaram-se e a jovem advogada ou
seus milhões receberem olhares visivelmente mais reverentes.
Havia
também partes muito pobres, doentes, sócios em desacordo, mais milhões, e o
triste caso de advogado surpreendido na tribuna com a deserção (falta de
pagamento das custas) do recurso, falta gravíssima no código de processo
antigo, e no novo, não mais, mas, em sendo recurso interposto ao tempo do
antigo, sem chance.
Enquanto
as causas e os julgamentos se sucediam, agora com o pé e a cabeça na mediação
ou RAD (resolução adequada de disputas), ficava pensando, esta questão é
mediável, esta não-mediável.
Não
há dúvida que os processos hoje julgados nesta sessão se arrastam há anos e
anos. Empatados nisso esforço, sofrimento das partes e dos advogados, também; além
de dinheiro particular e público. Nos moldes brasileiros a ação judicial tem
resultado em resolução inadequada de disputas, tal o dispêndio de tempo e de
dinheiro.
Dizia
um famoso advogado da velha guarda, citado pelo valente Dr. Helvécio Chaves, já
falecido, aliás, ambos falecidos, dizia, pois, em tom de blague: “que Deus desavenha quem nos mantenha”.
Desavenças
ou conflitos jamais faltarão. São certos como a sucessão dos dias. Mas o modo
de resolvê-los ou não resolvê-los pode ser mais eficaz, para todos, inclusive
para os advogados. Voltarei ao tema.
parabéns pelo artigo...de acordo em número, gênero e grau.;..
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