segunda-feira, 11 de abril de 2022

O tigre de papel


Invasão da Ucrânia pela Rússia

Rompendo o silêncio. É mesmo estarrecedor que estejamos acompanhando uma guerra, um massacre em tempo real e a cores. O mundo continua o mesmo. Os homens também para praticar este espetáculo de horror. Para os que achavam que o mundo e os homens haviam evoluído um tanto desde a 2ª Grande Guerra. Aí está. Inacreditável.

 

Desilusão brasileira

Para os que achavam também que o Brasil, aliás os brasileiros votantes haviam evoluído para além da polarização da eleição de 2018, aí está, triste espetáculo. Até os otimistas mais empedernidos tem cogitado em abdicar daqui. Tamanha é a desilusão.

 

O tigre de papel

Temos uma nota sobre intimação em fim de expediente na sexta-feira. E negativa. E do presidente do STJ. E arbitrando multa. É preciso mais?  Já está de bom tamanho para aborrecer o vivente. Na segunda-feira à luz do sol da manhã vê-se, para alívio geral, que realmente o tigre é de papel. E como papel aceita qualquer coisa. A decisão não tem razão, parece até que não se refere ao recurso interposto.

Não é que o recurso contém o que a decisão disse que não continha? Aí já é demais. Não esperava mesmo uma, digamos, falha dessa magnitude do gabinete presidencial. Será que não leram? Será que se atrapalharam ao salvar um arquivo? Não se sabe.

Assim motivada pela magna falha redigi em fonte Roboto 16 o agravo interno, sacando da algibeira o termo “draconiana” (ah, quanto tempo não usava), mas o caso exigia a licença poética.

E não esqueci de frisar, o colegiado arbitrará multa de 1 a 5 por cento em caso de recurso manifestamente inadmissível em votação unânime, (art. 1021, §4º, CPC).

Sabe-se que o conceito de manifestamente inadmissível varia muito entre advogados e juízes, às vezes, até se contrariam, tanto os advogados e os juízes quanto os conceitos.

Vejam, colegiado unânime, um a cinco por cento x relator, sozinho, 15%. É de se perguntar: - Pode isso, Arnaldo?

 

Nota: a expressão tigre de papel refere-se, obviamente, à decisão negativa. Que à primeira vista parece altamente prejudicial mas correta, é o que se supõe, vinda de onde vem. Após exame, mostra-se incorreta, portanto, passível de revisão. Como o tigre de papel, à noite, à primeira vista parece ameaçador, mas bem examinado, à luz do sol, é só uma imagem no papel, não é real. Neste caso diria o I-Ching: nenhuma culpa.e


2 comentários:

  1. Palavras sóbrias e inteligentes.
    Parece que sempre corremos risco de colapso, seja pela estupidez dos poucos que controlam as armas atômicas, ou a estupidez das massas que se polarizam entre opções absurdas. Sua lucidez é um acalanto. Parabéns Valéria!

    ResponderExcluir
  2. Computador é que nem papel.

    ResponderExcluir

O dia a dia de uma advogada, críticas e elogios aos juízes, notícias, vídeos e fotos do cotidiano forense

Persistência contra jurisprudência majoritária

E nquanto a nossa mais alta corte de justiça, digo, um dos seus integrantes, é tema no Congresso americano lida-se por aqui com as esferas h...