Semana
das mais conturbadas no judiciário e na política nacionais. Tivemos três
liminares contra a nomeação de Moreira Franco como ministro da Secretaria Geral
da Presidência da República. Juízes federais do Rio de Janeiro, Amapá e
Brasília foram provocados e suas decisões cassadas horas depois pelo TRF.
Há
ainda uma liminar em Mandado de Segurança impetrado pela REDE no STF, a ser
analisado pelo ministro Celso de Mello. Aguardemos.
Sobrou
espaço para espanto, não com o teor da decisão da juíza Regina Coeli Formisano, da 6ª
Vara federal do Rio de Janeiro, mas com a forma adotada ao conceder liminar.
Tudo que aprendemos nos bancos da
faculdade de direito que não deve constar de uma decisão judicial estava lá:
subjetividade, maiúsculas, expressões populares, opiniões do julgador sobre
fatos extra autos, depoimento da vida pessoal do juiz, viés político. E uma
tentativa de humor, parece, ao final, com um singelo “ao mestre com carinho*”.
A juíza expressamente pediu perdão pela
decisão ao presidente da República. Imediatamente me veio o texto do Estatuto
do Advogado, com destemor, nenhum receio de
desagradar a magistrado ou a qualquer autoridade, nem incorrer em
impopularidade...
Mutatis mutandis, ao juiz é concedida por lei a
independência funcional, vide Lei Orgânica da Magistratura e Código de Ética.
Fez muito sucesso nas redes, a decisão,
foi aplaudida e tudo o mais.
Os trechos extrajurídicos da decisão:
SOU
COMPETENTE. Doa a quem doer, custe o que custar, não vou trair a Constituição
que jurei fazer cumprir.
O
Magistrado, ao apreciar os feitos, tem o dever de exarar decisões, sob a égide
estrita da legalidade, não podendo através de opiniões políticas ou de
“achismos” decidir a vida das pessoas, prolatando decisões desarrazoadas,
fundadas em alegações aéreas, sem fundamentos.
O
Magistrado não pode se trancar em seu gabinete e ignorar a indignação popular.
Peço,
humildemente perdão ao Presidente Temer pela insurgência, mas por pura lealdade
as suas lições de Direito Constitucional. Perdoe-me por ser fiel aos seus
ensinamentos ainda gravados na minha memória, mas também nos livros que editou
e nos quais estudei. Não só aprendi com elas, mas, também acreditei nelas e
essa é a verdadeira forma de aprendizado.
Por outro lado, também não se afigura
coerente, que suas promessas ao assumir o mais alto posto da República sejam
traídas, exatamente por quem as lançou no rol de esperança dos brasileiros, que
hoje encontram-se indignados e perplexos ao ver o seu Presidente, adotar a
mesma postura da ex-Presidente impedida e que pretendia também, blindar o
ex-presidente Luiz Ignácio Lula da Silva.
Ao
mestre com carinho.
* To Sir, with Love: "Ao Mestre com Carinho"; filme britânico de 1967, estrelado por Sidney Poitier, que retrata questões sociais e raciais em uma escola localizada na comunidade pobre de Londres. James Clavell dirigiu e escreveu o roteiro, baseado na semi-autobiografia homônima de E. R. Braithwaite. Fonte: Wikipédia.
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