Há coisas inconciliáveis em um processo e em um julgamento. Graça e pilhéria ficam fora dos autos e dos plenários, quando entram é um desastre. Graça e pilhéria fazemos entre iguais, o humor dos juízes é um, o dos advogados, outro. São as famosas piadas profissionais, só os do métier entenderão, e mais, apreciarão.
Sempre as fazemos, graça e pilhéria, no café, fora das salas de audiência e sessões dos tribunais. Nas petições e recursos, jamais. Da mesma forma gostamos que as outras classes jurídicas assim conosco façam, só lá entre eles. Como se sabe, o que os ouvidos não ouvem, o coração não sente.
O magistrado que deita a falar gracinhas durante o julgamento apequena a toga, irrita advogados e partes. Nesta semana ouvimos no tribunal frases jocosas de desembargador sobre a causa em julgamento, sobre o trabalho que lhe deu o voto, falou da própria beleza, etc, e o dispositivo (o resultado do voto), segundo o advogado interessado e presente no plenário foi de arrepiar.
Neste dia, os três advogados que levaram tinta no julgamento, injustamente, é claro, (nós entre eles), confraternizaram no passeio do tribunal, algo como chorar as pitangas. Foram lembrados precedentes, e fornecida munição para futuros recursos e pilhérias. Entre nós, longe do plenário, fora do tribunal.
O limite da pilhéria é a capa dos autos, a porta da sala de audiências no fórum e da sala de sessões no tribunal, dentro deles, ninguém está de brincadeira. Queremos o mesmo tratamento e lhaneza.