Houve troca de bastão hoje no governo de Minas. Saiu Anastasia (que chorou ontem, emocionado) e entra Alberto Pinto Coelho (aquele do sorriso incomensurável). E por causa disso tivemos um dia de caos no trânsito da capital.
Tiveram (o Governo, o partido, o marqueteiro da vez, o cerimonial) a bela ideia de levar a posse para o meio do povo. Afinal, naquelas lonjuras da Cidade Administrativa lá em Confins o povo nem ia ficar sabendo, não é mesmo?
Por que não usar o Palácio da Liberdade, que agora virou museu? Ótima ideia. Aí interrompemos todas as ruas em volta da Praça da Liberdade, entre o centro da cidade e a Savassi, num raio de dois quilômetros, perto do meio dia, para dar segurança total às autoridades. E tome helicóptero sobrevoando. E o povo, o povo que segue sua vidinha besta que se dane.
Que horário de menino na escola o quê, consulta médica, cirurgia, tudo bobagens burguesas, estamos cuidando do Poder, estamos quase em campanha eleitoral e o povo precisa saber que houve mudança de nomes no Palácio.
As revistas de papel couché locais estão assanhadíssimas, porque finalmente, teremos de novo uma primeira-dama. Estamos realmente muito impressionados com o fato.
Não basta editar leis inconstitucionais (por unanimidade os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) declararam inconstitucional a Lei Complementar (LC) 100, que efetivou, em 2007, cerca de 98 mil servidores do estado de Minas Gerais), é preciso também amolar os cidadãos e eleitores e mostrar a eles que estão no fim das prioridades, queremos é o espetáculo que devem assistir de longe, bem de longe; claro que não estarão à mesa do regabofe de quatrocentos talheres que deve estar a correr a essas horas. Para eles, o transtorno.
Sugerimos trocar o marqueteiro autor da ideia, de longe foram ameaçados hoje uns 200 mil votos, entre moradores e milhares de transeuntes.
Somos contra posse espetáculo. Preferímos posse austera, de prefência lá em Confins, para não atrapalhar o trânsito e preferimos também leis constitucionais. Deve ter sido o trauma da inauguração da Cidade Administrativa, que também foi palanque, com direito a atriz global e tudo o mais. E o governador de então não emplacou para o pleito presidencial, o trem gorou. Sim, talvez tenha faltado o povo naquela oportunidade. Só havia autoridades e vips naquele panteão branco de Niemeyer. Agora decidiram voltar às origens, ao antigo Palácio, mas trataram de deixar o povo a vários quarteirões de distância, e irados, fiquem sabendo, com os desvios e quilômetros de engarrafamento no horários de maior pico.
Esqueceu-se uma lição básica: a praça é do povo.