Antes que vire o ano é hora de cumprir as promessas feitas.
A mais recente de registrar o encerramento do XVI Congresso de Processo Civil
da OAB/MG ocorrido em setembro deste ano.
O Congresso foi mesmo uma análise e uma síntese do que
vivemos atualmente no país no judiciário e na política. Para o bem e para o mal. Mais mal do que bem,
que seja.
Outro ponto que deve ser frisado e louvado, (com alívio), é
o espírito crítico de poucos e notáveis advogados e professores de direito que
sobressaem naturalmente da massa de profissionais pela cultura jurídica e
filosófica.
Cometerei injustiças, é claro, pois, não assisti todas as
palestras. Tive que escolher a dedo pelo tema de interesse e, é claro, pelo
palestrante.
Como dizia Caio Mário, (da Silva Pereira), deve-se beber da
fonte, então, escolhidos os professores e advogados Rosemiro Pereira Leal,
Humberto Theodoro Júnior, Ronaldo Bretas e Fabrício Veiga Costa.
Infelizmente não pude assistir à palestra do Professor Ronaldo
Brêtas de Carvalho Dias, 10 anos de indevido processo legal. Não se pode ter
tudo.
As escolhidas e outras assistidas resumiram bem o atual momento
brasileiro de distensões entre poderes, impasses e novidades.
Já comentada a
palestra do Professor Rosemiro em postagem anterior, finalizo com as demais.
Antes da palestra de Fabrício Veiga falou uma professora e
estudiosa de São Paulo, Flávia Pereira Ribeiro sobre a desjudicialização da
execução civil, o Projeto de Lei 6.204/2019, recém-chegada de estudos em Portugal,
que, inclusive, adota o instituto como outros países da Europa. Falou com
verdadeiro entusiasmo sobre a medida e acerba crítica ao sistema brasileiro
ainda judicializado.
Lembro-me de ter ouvido algo como o judiciário abarrotado
de questões importantes tem que julgar ações de cobrança que poderiam ser
feitas por cartório extrajudicial.
Pensei cá, mas, o dinheiro não é a mola do mundo? Será
menos importante que outros bens jurídicos?
Disse-nos, a
palestrante, atrasados, pois, a Europa já havia adotado o sistema extrajudicial.
Nova indagação de cá, mas, o que é bom para a Europa é
bom para o Brasil? E o nosso modo
de ser, nossa tradição, nosso estado civilizatório valem menos que os modos
europeus? Alto lá.
Na sequência o
Professor Fabrício Veiga Costa, na palestra intitulada Desjudicialização e
efetividade processual: desafios do processo de execução na atualidade, divergiu.
Alívio, um espírito crítico ante a novidade e nossa rotulação de ultrapassados
pelo progressista sistema europeu de cobrança privada.
E lançou indagações,
não seria o caso de otimizar a execução judicial em lugar de exterminá-la?
E de novidade em
novidade chegamos ao encerramento com a palestra intitulada 10 anos do CPC:
o que alcançamos? Ministrada pelo Professor Humberto Theodoro Júnior.
O mestre foi saudado e
aplaudido de pé ao subir ao palco. E da mesma forma saudado ao final, o que foi
notado pela cerimonialista que demonstrou alguma surpresa, certamente por não
pertencer ao meio jurídico.
Do alto dos seus 87
anos discorreu sobre as fases enfrentadas pelo direito processual ao longo da
história, da oralidade ao processo digital. Sobre a grita dos advogados com a sustentação
oral assíncrona (instituída pelo CNJ), sentenciou: sinto muito, o mundo
mudou. Direito é linguagem, processo é linguagem, hoje o mundo é digital.
Rendamo-nos,
pois.




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