Tudo começa com o sistema e-proc.
Sim, a Justiça Federal saiu na frente e já adotou o tal sistema. O que havia de
errado com o Pje? Isto, novo cadastro, dois fatores, baixa mais um aplicativo,
tem que ser no celular. Melhorou? Não, na minha modesta opinião piorou.
Distribuído mandado de segurança
pelo e-proc, mais de um mês sem decisão sobre o pedido de tutela antecipada. O
que fazer? Baixar na vara cível federal. Prédio interditado em obras para
abrigar o novo TRF6. Hum. Há 4 ou cinco prédios servindo a Justiça Federal no
mesmo quarteirão. As varas foram deslocadas para a rua de baixo com entrada
pela garagem seguindo a faixa amarela até o elevador. Assim podemos ver os
suntuosos carros que servem os juízes e desembargadores federais.
Há raio x para bolsas, tem que
apresentar a carteira da OABMG e dizer aonde vai. Há triagem no andar tal. De
lá para outro andar. Enquanto espero no balcão chega uma jurisdicionada,
simples com sua garrafa de água na mão.
Ao meu cumprimento de boa tarde,
avisa-me que tudo vai piorar, o mundo, o Brasil, enfim, tudo. O final dos
tempos. E começa a pregar. Antes de me aborrecer resolvo prestar atenção e
indagar sobre os pontos obscuros. Estão colocando chips nas pessoas? Quem? O governo.
Quer dizer que o governo brasileiro está colocando chips nas pessoas?
Embatucou. Não respondeu e continuou com a guerra em Israel, outro sinal do fim
dos tempos, fez previsões, que os maus isso, que os bons aquilo. Então voltou o
servidor. Ela explicou-se: estou dizendo a palavra a ela, no caso, eu.
Veio uma assessora atendê-la com
cópia da sentença. Contrariada queria falar com a juíza que dera tal sentença,
não, queria falar com um desembargador. É meu direito! Disse.
Que inocência. Primeiro que não é
direito da parte ser recebido pelo juiz ou desembargador. O direito é à
prestação jurisdicional nos autos. Ademais, às vezes adianta rigorosamente
nada.
O clima começou a esquentar no
balcão da vara. Hora de eu dizer uma palavra a ela, que estava ali sem o
Defensor Público. Afinal está na Constituição Federal que o advogado é
imprescindível ao funcionamento da justiça. Pedi licença a ela e à servidora e
perguntei se podia ajudar. Me passaram a sentença. Então, perguntei, pelo que
está aqui o filho da senhora faleceu, é isto? Sim, ele nasceu pelo pé, meu
marido me abandonou. Fiz sinal para que ela parasse o relato. E a senhora continuou recebendo a pensão que
era dele? Sim. Hum.
Se é assim, a sentença da juíza está correta, não vai adiantar nada
conversar com ela, nem com desembargador, você vai gastar sua energia sem
resultado nenhum. Olha só o INSS já iniciou o cumprimento de sentença.
Perguntei a servidora se ainda
estava no prazo dos embargos. Não.
Então a senhora tem que ir ao Defensor Público para que ele apresente a defesa
tal ou proponha acordo ao INSS. Pediu que eu escrevesse num papel, agradeceu
muito e disse: foi Deus que te colocou
aqui hoje. E o E-proc, pensei.
Descemos juntas de elevador.
Naquela quinta-feira um elevador
do TRF6 em outro prédio da Justiça Federal despencou ferindo uma mulher https://www.metropoles.com/brasil/mulher-perna-prensada-elevador-bh.
De fato, o elevador despencou mas o ferimento foi, ao que tudo indica,
imprudência da vítima.
Resumo: passada uma semana da ida
à vara, nova petição, juntada de documentos, e-mail à vara, o que adiantou? Até
o momento rigorosamente nada. E assim vamos.